Nazaré: ir além das ondas gigantes…

Célia Quico Professora auxiliar e diretora do Mestrado de Comunicação nas Organizações na Universidade Lusófona Nos dias de hoje, falar sobre a Nazaré muitas vezes se reduz a falar sobre as ondas gigantes da Praia do Norte e sobre quem as mediatiza para um público global. E por estes primeiros dias de outono, a Nazaré…

Célia Quico
Professora auxiliar e diretora do Mestrado de Comunicação nas Organizações na Universidade Lusófona

Nos dias de hoje, falar sobre a Nazaré muitas vezes se reduz a falar sobre as ondas gigantes da Praia do Norte e sobre quem as mediatiza para um público global. E por estes primeiros dias de outono, a Nazaré entra na chamada ‘época das ondas gigantes’, que tipicamente vai até ao final do Inverno. Porém, a Nazaré é muito mais que ondas gigantes, é muito mais do que o seu mar – ainda que o mar seja uma presença dominante, talvez até obsessiva.

E há tantos outros motivos para mergulhar na Nazaré e, assim, ir para além da superfície das ondas gigantes. Primeiro que tudo, permitam-me que os convide a ler o maravilhoso livro de Dóris Santos, Arte, Museus e Memória: a imagem marítima da Nazaré, recentemente editado pela Direção-Geral do Património Cultural em parceria com a editora Caleidoscópio. Neste livro, Dóris Santos oferece-nos uma verdadeira viagem no tempo na Nazaré, revisitando obras de artistas plásticos como Guilherme Filipe, Lino António, Lázaro Lozano e fotógrafos como Federico Patellani, Stanley Kubrick, Henri Cartier-Bresson, entre muitos outros, sem esquecer os portugueses Artur Pastor, Eduardo Gageiro e Gérard Castello-Lopes. Ainda, neste livro, a autora também apresenta e reflete sobre diversas práticas artísticas contemporâneas produzidas em colaboração com museus marítimos, como o Museu Marítimo de Ílhavo e o Museu Dr. Joaquim Manso da Nazaré – note-se que Dóris Santos foi diretora e coordenadora deste último museu, sendo atualmente diretora do Museu Nacional do Traje. Esta importante reflexão pode e deve também servir de guia e inspiração, para pensar as representações contemporâneas da Nazaré, o que revelam e o que ocultam…

E antes de um mergulho a sério na Nazaré, mais um convite para um mergulho virtual, no seu passado, no seu presente e num possível futuro. ‘Nazaré Imersiva’ foi um projeto exploratório de produção e avaliação de experiências imersivas sobre a Nazaré, que incluiu a produção de um vídeo 360º de realidade virtual, que proporciona uma breve viagem no tempo em três momentos: em 1920, em 2020 e em 2120. Este projecto abordou temas atuais como a poluição ambiental, a hiper-urbanização e a turistificação, desafiando Nazarenos e não-Nazarenos a pensar criticamente sobre os processos de transformação que aqui ocorrem, bem como especular sobre possíveis cenários futuros – para saber mais, mergulhar aqui: http://nazareimersiva.ulusofona.pt Há mesmo tanto para descobrir na Nazaré, basta querer mesmo mergulhar nesta terra-mar extraordinária, de mente aberta e de corpo inteiro…