Comunidade LGBT alvo de detenções arbitrárias no Qatar, denuncia ONG

Human Rights Watch entrevistou seis pessoas da comunidade, que partilharam os abusos que sofreram por parte das autoridades daquele país. 

A organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) acusou esta segunda-feira a polícia do Qatar de ter detido membros da comunidade LGBTQIA+.

"A Human Rights Watch documentou seis casos de espancamentos severos e repetidos e cinco casos de assédio sexual sob custódia policial entre 2019 e 2022. As forças de segurança prenderam pessoas em locais públicos com base unicamente na sua expressão de género e analisaram ilegalmente os seus telemóveis. Como requisito para a sua libertação, as forças de segurança ordenaram que as mulheres transgénero detidas participassem em sessões de terapia de conversão num centro de 'apoio comportamental' patrocinado pelo governo", pode ler-se no comunicado na ONG.

"Enquanto o Qatar se prepara para acolher o Campeonato Mundial, as forças de segurança estão a deter e a abusar de pessoas LGBT simplesmente pelo que são, aparentemente confiantes de que os abusos das forças de segurança não serão relatados e não serão controlados", afirmou Rasha Younes, investigadora de direitos LGBT na organização. "As autoridades do Qatar precisam de acabar com a violência contra pessoas LGBT. O mundo está a assistir", acrescentou.

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As detenções mais recentes ocorreram em setembro, acrescenta a a HRW. Foram entrevistados um total de seis pessoas, quatro mulheres trans, uma mulher bissexual e um homossexual, que partilharam os abusos que sofreram por parte das autoridades daquele país. 

"Todos disseram que agentes do Departamento de Segurança Preventiva os detiveram numa prisão subterrânea em Al Dafneh, Doha, onde assediaram verbalmente e sujeitaram os detidos a abusos físicos, alvo de pontapés e socos, até sangrarem. Uma mulher disse que tinha perdido a consciência. Os agentes de segurança também infligiram abusos verbais, extraíram confissões forçadas, e negaram aos detidos o acesso a aconselhamento jurídico, família e cuidados médicos. Os seis disseram que a polícia forçou-os a assinar promessas, indicando que iriam 'cessar a atividade imoral'", indicou.

"Todos foram detidos sem culpa formada, num dos casos durante dois meses, em regime de isolamento, sem acesso a aconselhamento jurídico. Nenhum deles recebeu qualquer registo de ter sido detido. Estes atos podem constituir detenção arbitrária ao abrigo do direito internacional dos direitos humanos", pode ler-se ainda no mesma nota.