1.Um Pinto pilha-galinhas é uma bocado ridículo mas o fedelho fede a grotesco desde que andava entretido a cuscuvilhar a correspondência alheia numa mansarda qualquer de Budapeste. Pouco inteligente, fanfarrão, burlesco, quis criar em seu redor uma personagem sem pés nem cabeça à qual meia-dúzia de (ir)responsáveis decidiram dar importância, desde aquela espécie de Dona Redonda de voz monocórdica que se elevou por auto-recreação a acusadora-mor da nova Inquisição que leva o nome de Ministério Público. uma instituição que não conseguiu libertar-se dos tiques fascistas dos quais usava e abusava antes do 25 de Abril – a grande fornecedora de matéria que devia estar em segredo de Justiça a certos órgãos de comunicação social que se prestam a fazer perfis laudatórios de magistrados-para-todo-o-serviço (felizmente caídos ultimamente na valeta da sua fraca competência que entrava pelos olhos dentro) -, a uma série de investigadores de meia-tijela que, por inaptidão ou por preguiça estão sempre dispostos a receber de braços abertos todo o tipo pseudo-informação que alimente a sua vontade de não tirar o rabo da secretária.
2.Eis que o Pinto pilha-galinha se senta, finalmente, numa sala de tribunal para responder por um nunca mais acabar de crimes, sobretudo de violação de correspondência, e o pirata com jeitos de maganão se desfaz numa deprimente mistura de ranho, urina e fezes à frente de um juiz que lhe explica, finalmente, que ao contrário do que fazia crer de si próprio, não é um brilhante e útil auxiliar da Justiça mas apenas um garoto cretino que, com habilidade para se infiltrar nos labirintos da internet, resolveu expor pornograficamente a vida de centenas de pessoas pela única razão (tão simples) que se dedicou à devassa da privacidade alheia. Só tem o 12º ano, confessa naquele arrazoado de frases à toa que me faz, particularmente, suspeitar que nem concluiu o curso do jardim-escola. Ter visto, sem querer, porque me recuso a prestar atenção a gente que me enoja, a fanfarronice do pirata transformar-se numa espécie de súplica à Justiça e à Sociedade de compreensão pelas suas evidentes debilidades mentais, juntando-lhe o aviltantemente tardio reconhecimento que procedera (como no caso da Doyen) não por qualquer suposto interesse público mas por simples impulso de extorsão, faz-nos pensar como é que o seu companheiro de jornada e seu advogado ainda pode andar por aí a exibir uma carteira profissional e a viver à conta da exposição pública da sua falta de escrúpulos? Nenhum deles é verdadeiramente humano já que ambos reagem por tropismo.