Kirstie Alley. De ‘protegida’ de Spock ao balcão de Cheers

Morreu aos 71 anos Kirstie Alley, uma das protagonistas da série de televisão Cheers, mas também de filmes como Star Trek: A Ira de Khan e Olha Quem Fala.

Recordamo-la a trabalhar no bar da série Cheers (1982-93), como a mãe do bebé “falante” de Olha Quem Fala (1989), como a “protegida” de Spock em Star Trek II: A Ira de Khan (1982) e até como a ex-vencedora do concurso de beleza em Linda de Morrer (1999). A atriz norte-americana Kirstie Alley, morreu, esta segunda-feira, aos 71 anos, após uma batalha contra o cancro.

Segundo um comunicado partilhado pela família nas redes sociais da falecida atriz, a descoberta da doença aconteceu recentemente.

“Estamos tristes em informar que a nossa incrível, destemida e amorosa mãe faleceu após uma batalha contra um cancro, apenas descoberto recentemente”, pode ler-se na publicação. “Ela estava rodeada pela sua família mais próxima e lutou com muita força, deixando-nos com uma certeza a sua alegria sem fim de viver e uma vontade de viver todas as aventuras que lhe aparecessem pela frente. Por mais icónica que fosse nos ecrãs, ela era uma mãe e avó ainda mais incrível”, acrescentam.

Alley nasceu em Wichita Kansas, em 1951, e mudou -se para Los Angeles, no final da década de 1970, não para trabalhar na indústria do audiovisual, isso apenas chegaria mais tarde, mas para continuar a estudar os ensinamentos da cientologia e para trabalhar como designer de interiores.

A sua primeira oportunidade para aparecer no grande ecrã surgiu em grande estilo, aparecendo naquele que é considerado um dos melhores filmes da franchise Star Trek, A Ira de Khan, que conta com a aclamada performance de Ricardo Montalban no papel do vilão.

Foi a encarnar Saavik, uma extraterrestre da raça Vulcan, que desempenhava o papel de tenente oficial da frota Starfleet, que Alley começou por despertar a atenção de Hollywood e a ocupar um lugar na mente das audiências, que ficaram fãs da emocional performance da atriz, apelando a que esta voltasse aos filmes seguintes, algo que esta negou porque lhe ofereceram um pagamento inferior ao daquele que recebeu em A Ira de Khan.

Apesar de estar fora desta saga de culto, cinco anos mais tarde chegaria o papel que iria mudar toda a sua vida. Alley juntou-se ao elenco de Cheers, em 1987, substituindo Shelley Long, e, na pele de Rebecca Howe, tornou-se uma das personagens favoritas dos fãs, permanecendo na série de televisão, que contou com atores como Ted Danson e Woody Harrelson, durante seis anos até à última temporada.

“Investidos em encontrar uma desconhecida para este papel, os irmãos Charles [criadores de Cheers e também de Taxi] escolheram Alley depois do ator Carl Reiner a ter recomendado pessoalmente devido às suas habilidades de comédia, após tê-la dirigido no filme de 1987, Escola de Verão”, recorda o Guardian, no obituário da atriz.

Pela performance que fez nesta série, Alley venceu um Globo de Ouro e um Emmy, ambos conquistados em 1991, e foi nomeada múltiplas vezes para estes prémios.

“Hoje estava num avião e fiz algo que raramente faço. Assisti a um episódio antigo de Cheers”, disse Ted Danson à Deadline, citado pelo jornal inglês. “Vi o episódio em que o Tom Berenger se declara à Kirstie, que continua a dizer que não, mesmo que ela queira desesperadamente dizer que sim. Kirstie foi realmente brilhante neste papel. A sua capacidade de interpretar uma mulher à beira de um colapso nervoso foi comovente e histericamente engraçado. Ela fez-me rir há 30 anos quando filmou essa cena, e fez-me rir hoje da mesma forma. Quando saí do avião, ouvi dizer que Kirstie havia morrido. Estou tão triste, mas também muito grato por todas as vezes que ela me fez rir”, disse o ator.

John Travolta, com quem Alley contracenou nas comédias de sucesso Olha Quem Fala, também recorreu às redes sociais para lamentar a morte da atriz e deixar a sua homenagem.

“Foi uma das relações mais especiais que já tive. Amo-te, Kirstie. Sei que nos vamos ver novamente”, escreveu o ator, que também partilhou uma imagem dos dois juntos.

A atriz continuou a trabalhar até aos seus últimos dias, tendo protagonizado, em 2013, a sitcom Kirstie ou na série de comédia de terror, Scream Queens, e esteve envolvida em diversos reality shows, como o Dança com as Estrelas, Big Brother de celebridades do Reino Unido, e The Masked Singer.

Nos últimos tempos também esteve envolvida em diversas polémicas, tornando-se uma defensora vocal do ex-Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desde o ano em que este foi eleito, afirmando que votou nele especificamente por não ser um “político”.

A atriz acreditava que devido a este seu alinhamento político acabou incluída numa “lista negra” dentro de Hollywood.

 “Podes cozinhar metanfetaminas ou dormir com prostitutas, mas, aparentemente, votar em Trump deixou-me no No Limiar da Realidade”, lamentou, referindo-se à série de ficção científica de 1959.

Alley deixa dois filhos, William True, de 30 anos, e Lillie Parker, de 28, fruto do casamento com Parker Stevenson, de quem se separou em 1997, e uma neta.