Travado golpe de estado na Alemanha

Grupo de extrema-direita pretendia instalar um regime liderado pelo aristocrata de 71 anos, Heinrich XIII, e negociar acordos pós Segunda Guerra Mundial com a Rússia.

Depois de uma tentativa para derrubar o Estado alemão, na quarta-feira, a Alemanha está a avaliar o quão iminente foi ameaça ao Estado levada a cabo por uma rede de extrema-direita.

Naquele que foi o maior ‘raide’ contra extremistas de direita, as autoridades alemãs prenderam 25 pessoas suspeitas de conspirar para derrubar o governo, numa altura em que o chefe da polícia criminal federal da Alemanha, Holger Münch, citado pelo Guardian, avisa que o número de suspeitos subiu para 52, alertando que nos próximos dias deverão verificar-se novas detenções.

O grupo extremista foi acusado de tentar instalar um regime liderado por um aristocrata de 71 anos, Heinrich XIII, de 71 anos, um membro da Casa de Reuss, que governou parte daquilo que é hoje o estado da Turíngia durante séculos até à implantação da República de Weimar, em 1918.

O objetivo era tornar Heinrich XIII o novo chefe de estado, com um obscuro advogado de Hanôver no papel de ministro dos Negócios Estrangeiros e um médico de família de uma vila da Baixa Saxónia o líder do ministério da Saúde.

Apesar deste plano parecer uma comédia satírica de Hollywood, na realidade a conspiração assumiu contornos graves, com um dos apoiantes de Heinrich XIII a ser acusado de ter matado um agente da polícia com um tiro de besta, em 2016, durante buscas a sua casa.

As autoridades estimam que o movimento é composto por mais de 21 mil pessoas, uns 10% das quais estarão dispostas a usar violência.

Além destas mudanças no governo, o grupo também pretendia entrar em conversações com a Rússia para renegociar acordos pós-Segunda Guerra Mundial.

Perante estas alegações, a embaixada de Moscovo em Berlim disse não ter qualquer relação com organizações «terroristas» na Alemanha, poucas horas depois do anúncio da neutralização de um grupúsculo que supostamente preparava perturbar instituições alemãs.

«As representações diplomáticas e consulares russas na Alemanha não mantêm qualquer tipo de contactos com representantes de grupos terroristas ou formações ilegais», garantiu a embaixada de Moscovo em Berlim citada pelas agências russas Ria Novosti e Tass.

Segundo um comunicado da Procuradoria em Karlsruhe, o grupo alemão que está a ser investigado pelas autoridades foi fundado em 2021 e tinha como objetivo atingir as instituições e fundar uma «forma própria de Estado», imposto através de meios militares e violentos contra os representantes constitucionais.

Para a Procuradoria, os membros do grupo «estão unidos por uma profunda rejeição contra as instituições do Estado e contra a ordem democrática da República Federal da Alemanha».