Quando a razão do despedimento parece uma piada de mau gosto

Ser sexy demais, ser muito inteligente ou não conseguir controlar os gases são alguns dos vários motivos insólitos que levaram ao despedimento de várias pessoas um pouco por todo o mundo. No entanto, os tribunais não deram razão a todos…

Nem todos têm o mesmo grau de inteligência

 Dar aulas nem sempre é fácil mas quando os alunos não percebem nada da matéria, pior ainda. E isso dá direito a despedimento? Dá. Recentemente, a Universidade de Nova York (NYU) demitiu um professor de química orgânica depois de os alunos terem feito um abaixo-assinado alegando que as suas aulas eram «muito difíceis». O docente em causa, Maitland Jones Jr., de 84 anos, era reconhecido na comunidade académica por ter escrito um livro de química orgânica usado por vários especialistas na área. E a sorte é que, dada a idade, já estava a pensar aposentar-se mesmo antes da demissão. O problema agora está no precedente aberto. Apesar de a universidade ter concordado com os alunos, outros professores enviaram uma carta à direção a alertar que o caso pode prejudicar a liberdade na sala de aula e enfraquecer práticas de ensino.

Despedir por SMS também é válido?
Desengane-se quem pensa que os casos de despedimentos insólitos só acontecem lá fora. Por cá, um dos casos mais mediáticos pertence ao clube da Gafanha da Nazaré, em Ílhavo, que despediu o ex-treinador, Nuno Pedro, por mensagem de texto. O Gafanha foi ao terreno da AD Oliveirense, em jogo do Campeonato de Portugal, perder por 3-2. Nem dez minutos do jogo acabar, corria o ano de 2017, o treinador foi despedido por SMS. Nenhuma das partes se entendeu nesta decisão com o presidente do clube a negar a mensagem. Mas a verdade é que Nuno Pedro foi depois enviado para os juvenis. Cerca de um ano depois, o Tribunal da Relação do Porto considerou ilícito o despedimento e condenou o clube da Gafanha da Nazaré a pagar ao técnico uma indemnização de cerca de 43 mil euros. Um despedimento que saiu caro…

Há coisas que não se conseguem controlar…

Este parece um caso inédito mas a verdade é que uma pesquisa pela internet permite-nos perceber que não é caso único. No entanto, deixamos-lhe um: Richard Clem, que trabalhava há mais de dez anos na Case Pork Roll, uma empresa de produtos de carne suína, foi despedido em 2014, por problemas de flatulência e de diarreia. O norte-americano pesava 190 quilos naquela altura e começou a apresentar vários problemas de saúde. Depois de se ter submetido a uma cirurgia para colocação de uma banda gástrica, perdeu 50 quilos mas desenvolveu «flatulência extrema e diarreia incontrolável», o que criou sérios problemas no local de trabalho. Depois de ter sido despedido, a mulher, Louann Clem, que trabalhava na mesma empresa, despediu-se no mesmo dia devido «à discriminação e assédio» sofridos pelo marido. Foram dois coelhos de uma cajadada só…

Vamos ter cuidado com a concorrência

Um funcionário do McDonald’s foi demitida por justa causa depois de ter emprestado sacos de batatas para a cadeia de restaurantes concorrente, o Burger King. Mesmo tendo levado emprestado, o empregado que pegou os sacos de batatas emprestados, devolveu os produtos. Pouco depois, o tribunal do Trabalho do Paraná considerou a demissão por justa causa excessiva e reverteu-a. Diz o tribunal que a empresa exagerou na punição, principalmente porque o empregado não era reincidente nem obteve vantagem pessoal com a atitude, não tendo também causado prejuízos ao McDonald’s. Ainda assim, o McDonald’s defendeu que o empregado contrariou as políticas internas da empresa, uma vez que a entrega de produtos deve ser feita com a autorização do consultor de operações, o que não aconteceu. O caso remonta ao ano de 2018.

Quando a beleza dá lugar a despedimento

Corria o ano de 2012 quando algo insólito aconteceu a Melissa Nelson que há mais de dez anos era assistente dentária de Jame Knight. No entanto, uma década depois, acabou por ser despedida por ser «demasiado atraente» e por usar «roupas demasiado justas» que distraíam o médico dentista. O caso foi, obviamente, parar à justiça como um processo de discriminação de género. «A questão a que temos de responder é: pode uma empregada que não está envolvida em conduta provocatória ser despedida se o patrão a vê como irresistivelmente atraente?». Mas, parece que sim. Isto porque o Supremo Tribunal de Iowa considerou legais os motivos que levaram ao despedimento desta mulher. Os dois trocavam mensagens, maioritariamente de trabalho, mas houve uma que contou com uma provocação por parte do patrão, à qual ela não respondeu. E a mulher do dentista também exigiu o despedimento.

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