Greve nos portos desconvocada após reunião com Galamba

Sindicato decidiu dar “voto de confiança” ao novo ministro das Infraestruturas e um prazo de 3 meses para avaliar projetos.

A greve dos trabalhadores das administrações portuárias, que teve início a 22 de dezembro e que se previa que se prolongasse até 30 de janeiro, foi desconvocada devido à “abertura ao diálogo” manifestada esta segunda-feira pelo ministro das Infraestruturas, João Galamba.

“Decidimos desconvocar a greve. Começámos por emitir o pré-aviso de greve exatamente pela ausência de diálogo e o senhor ministro mostrou-se abertíssimo ao diálogo, um diálogo aberto, franco, e mostrou grande disponibilidade para projetos para dar aos portos a importância que eles verdadeiramente têm”, anunciou o presidente da direção do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias (SNTAP) à agência Lusa depois de uma reunião com o novo ministro da tutela.

Serafim Gomes disse à Lusa que o sindicato é da opinião que João Galamba “precisa de algum tempo para levar por diante as suas ideias” e por isso tomou a opção de lhe dar “um voto de confiança” bem como um prazo de três meses para avaliar “os projetos que tem [para o setor] e que envolverão, também, a resolução dos problemas em cima da mesa relativamente aos trabalhadores”.

E acrescentou que “ficou ajustado um prazo de três meses para estes projetos serem desenvolvidos e a nossa expectativa é que sejam também resolvidos os problemas que nós tínhamos posto em cima da mesa”, dizendo ainda que “a questão não tem de se colocar exatamente só em termos salariais, mas num âmbito mais genérico de condições de trabalho, que passam, naturalmente, também pelas questões salariais”.

Recorde-se que a greve foi para a frente depois de o sindicato ter acusado as administrações portuárias de “ausência total de disponibilidade” para dialogar sobre a proposta de revisão salarial para este ano, tendo o SNTAP feito “vários pedidos de reunião” que ficaram sem resposta, “nomeadamente por parte das administrações de Sines e de Lisboa”, diziam em dezembro passado.

Problemas da greve Antes de a greve ter sido desconvocada, a Associação Industrial Portuguesa chegou a defender a abertura de canal de negociação e atribuição de concessões e licenças para o serviço de lanchas, garantindo que os constrangimentos no fluxo de mercadorias e no funcionamento das cadeias de abastecimento “devido à greve de uma minoria de funcionários das administrações portuárias em alguns dos portos está a provocar sérios prejuízos nos carregadores (exportadores/importadores) nacionais e nos armadores”. E garantia que apesar “dos seus efeitos se fazerem sentir de forma mais aguda e grave em alguns setores, como é o caso do setor agroalimentar, e em determinados mercados (EUA, Angola, Ásia), a persistência desta paralisação acabará por afetar todo o setor produtivo nacional”.

A AIP recordou que “durante muitos anos a paz social nos portos foi sempre suportada e paga pelos exportadores”, realçando que “as exigências dos sindicatos eram facilmente satisfeitas pelos ministérios que tutelavam as administrações portuárias, fazendo repercutir nos exportadores os aumentos dos custos daí decorrentes”.

E disse ainda que “a greve que neste momento paralisa os principais portos nacionais, está centrada numa reivindicação salarial que a ser aceite obrigaria à revogação ou ajustamento do despacho governamental que limita o aumento da massa salarial a 5,1% no setor empresarial do Estado”.