Pink Floyd – The Final Cut

Tendo sido de longe o álbum que mais dividiu os fãs dos PF, bem como dois dos seus principais elementos (Nick Mason e Dave Gilmour), este é contudo, pelo menos do meu ponto de vista, um álbum que todo o fã de Pink Floyd deveria ouvir.

Pink Floyd – The Final Cut
1983

Roger Waters – guitarra baixo e voz
Dave Gilmour – guitarra 
Nick Mason – bateria
músicos adicionais:
Michael Kamen – teclados e orquestrações
Ray Cooper – bateria
Andy Newmark – bateria (faixa 12)
Raphael Ravenscroft – saxofone

por Telmo Marques

Escrito quase como uma eulogia ao pai de Roger Waters, falecido quando este tinha apenas 5 meses, durante a 2ª guerra mundial, todo o álbum encontra-se carregado de referências a Eric Fletcher Waters, bem como de remoques a Margaret Thatcher, culpando-a de ser a principal instigadora da guerra das Malvinas, que opuseram argentinos e ingleses.

The Final Cut estende a autobiografia de "The Wall", concentrando-se agora na dor de Roger Waters, aquando da morte de seu pai em Anzio, em 1944.
Waters transforma toda a dor e pesar sentidos quase que num manifesto anti-guerra, agora referindo-se à já aludida guerra das Malvinas (ou Falklands), condenando-a veementemente, fazendo com que "The Final Cut" soe mais a um romance de guerra do que a um álbum de música.

Da raiva (in)contida na sua voz, em todos os doze temas que perfazem o álbum, denota-se um sentimento de desespero, também já muito presentes no álbum predecessor (The Wall), mas aqui de uma forma muito mais exacerbada., 

Destaco particularmente três temas, que ainda hoje escuto com bastante regularidade. "The Fletcher Memorial Home", "The Final Cut" e "Not Now John", talvez a música mais uptempo de todo o álbum.

"Take all your overgrown infants away somewhere
And build them a home, a little place of their own.
The Fletcher Memorial
Home for Incurable Tyrants and Kings.

And they can appear to themselves every day
On closed circuit T.V.
To make sure they're still real.
It's the only connection they feel.
"Ladies and gentlemen, please welcome, Reagan and Haig,
Mr. Begin and friend, Mrs. Thatcher, and Paisly,
"Hello Maggie!"
Mr. Brezhnev and party.
"Who's the bald chap?"
The ghost of McCarthy,
The memories of Nixon.
"Good-bye!"
And now, adding color, a group of anonymous latin-
American Meat packing glitterati.

Did they expect us to treat them with any respect?
They can polish their medals and sharpen their
Smiles, and amuse themselves playing games for awhile.
Boom boom, bang bang, lie down you're dead.

Safe in the permanent gaze of a cold glass eye
With their favorite toys
They'll be good girls and boys
In the Fletcher Memorial Home for colonial
Wasters of life and limb.

Is everyone in?
Are you having a nice time?
Now the final solution can be applied.

Possuindo um dos melhores vocais de sempre de Waters, este álbum tem apenas o senão da ausência forçada de Rick Wright, expulso sem apelo nem agravo por Waters, num dos seus já comuns acessos de raiva descontrolada, sendo aqui substituído por Michael Kamen, que também co-produziu o álbum, em parceria com o próprio Waters.

Dave Gilmour tem igualmente aqui momentos de excelso brilhantismo, com a fluidez da sua guitarra a transparecer em vários momentos ao longo de todo o álbum.

De referir igualmente, que ouvi este álbum em finais dos '80s, em vinil, acompanhado de uns "headphones" Sony, que me permitia acompanhar toda a narrativa do álbum, bem como todos os efeitos sonoros presentes no mesmo, uma autêntica novidade até então, e tendo os Floyd como um dos seus principais precursores, desde os finais dos '60s.

Sigam a minha opinião, coloquem os vossos "headphones", deixem o Twitter por quarenta e poucos minutos e deliciem-se, como eu já me deliciei incontáveis vezes, com esta obra prima.

Até pra semana
Abraço fraterno