por Maria Helena Costa
Por muito que aqueles que me tentam cancelar me ataquem e acusem de “não respeitar o sofrimento das pessoas que sofrem de disforia de género”, e sabendo que os activistas não querem saber dos factos, mas sim da ideologia que abraçaram, a verdade, doa a quem doer, é que quando falo em ideologia “trans” não incluo aquelas pessoas que sofrem mesmo de um transtorno da identidade sexual e que, no CID-11, viram o seu transtorno passar a algo tão vago como: “condições relacionadas à saúde sexual” e classificado como “incongruência de género”.
O que é o CID 11?
O CID-11 é a Classificação Internacional de Doenças. Logo, o transsexualismo/disforia de género/incongruência de género, o que lhe queiram chamar, só consta do CID-11 porque é de facto uma doença do foro psiquiátrico, que precisa de acompanhamento médico contínuo, medicamentos e cirurgias. Lembro ainda que esta decisão surge depois de a edição anterior – o CID-10, que estava em vigor desde Maio de 1990 – ser aquela que teve o homossexualismo removido da lista, deixando de ser entendido e tratado como doença. Ora, pelas notícias que vamos tendo, o mesmo acontecerá com a pedofilia, que hoje já é uma doença (e quem é que pode ser condenado por sofrer de uma doença?) e que, brevemente, poderá sair no CID-12 como mais uma orientação sexual.
O grande inimigo da ideologia é a realidade! E, infelizmente, a realidade diz-nos que as pessoas que realmente necessitam de apoio e tratamento estão a ser deixadas para trás e os adolescentes que "descobriram" que eram trans nas redes sociais e na escola, passam à frente dos pouquíssimos que realmente estão a sofrer horrores.
E, não adianta acusarem-me de “falta de amor” pelo sofrimento daqueles que sofrem de disforia de género, nem repetir ad nauseam que essas pessoas se suicidam por causa de “pessoas como eu”, pois, quem pesquisa e procura a verdade – sem palas ideológicas – sabe que, sem o tratamento devido e após a cirurgia de “mudança de sexo”, quando comparada com a população em geral, o número de suicídios de pessoas transsexuais é 20 vezes maior.[1]
Mas, o que de facto me constrange a escrever para alertar as pessoas, principalmente os pais, é o facto de o Estado português, à semelhança do que acontece um pouco por todo o mundo, ter adoptado as políticas identitárias do género e use o poder legislativo das maiorias de esquerda para as impor à Escola, em todos os ciclos do ensino obrigatório. O que verdadeiramente me preocupa, até porque tenho duas netas, é que crianças, a partir dos 5 anos, sim, dos CINCO anos, sejam obrigadas de saber o que significa cada letra do abecedário colorido e tenham adultos a confundi-las com a mentira de que “nasceram meninas, mas podem ser meninos quando quiserem”, e que, para melhor as confundir, se façam brincadeiras nas quais meninos são retirados da sala, vestidos de meninas e maquilhados pelas educadoras, e depois reentram e são apresentados como sendo meninas que estavam presas num corpo de menino. Isto, caros leitores, é ABUSO! Mentes tão inocentes, que acreditam no Pai Natal e na Fada dos Dentes, não estão preparadas para uma ideologia que as confunde, destrói a percepção que elas têm das diferenças, e as transforma em folhas em branco onde os activistas do género desenham o que muito bem entenderem.
Oh, se os pais se dessem ao trabalho de consultar o site de Educação para a Cidadania [https://cidadania.dge.mec.pt/] no domínio “Sexualidade”, na rubrica “desenvolvimento da sexualidade”, na sugestão “aceder a mais recursos”, nos vídeos sobre Identidade e Género (criados e apresentados por dois transsexuais) e vissem como os seus filhos são claramente incentivados a “mudar de género”… Sim. Há activistas “trans” a incentivar as crianças a experimentar toda a sorte de relacionamentos sexuais e a falar de “mudança de sexo” com exemplos tão levianos como este: “imagina que tens uma caixa de lápis, mas que já não precisas de lápis e sim de canetas. É só tirar os lápis, colocar lá as canetas, mudar o rótulo e, voilá, agora temos canetas”; e a afirmar que os tratamentos de “mudança de sexo” são totalmente reversíveis, caso alguém se arrependa; que há homens que menstruam; etc.
Não é, portanto, de surpreender que cada vez mais crianças cheguem a casa confusas quanto à sua sexualidade/identidade e acusem os pais de serem transfóbicos, caso estes não as levem imediatamente a um profissional de saúde que aceite o auto-diagnóstico delas e as encaminhe, sem qualquer questionamento, para tratamentos hormonais e futuras cirurgias. Os consultórios dos psicólogos estão a abarrotar de crianças com “disforia de género de início rápido”. Se nada for feito, dentro de pouco tempo teremos muitos jovens a arrepender-se e a querer voltar ao seu sexo de nascimento.
Mas, os tratamentos são reversíveis? O que os activistas “trans” dizem às crianças é verdade? Pais e crianças, sabem quais são os efeitos permanentes dos tratamentos de redesignação sexual? Vamos falar sobre isso? Começo pelo primeiro: os bloqueadores da puberdade.
Lupron: castrador químico de pedófilos convertido em “botão de pausa” da puberdade
Já ouviu falar do Lupron? É o medicamento usado na castração química de pedófilos e também quando a puberdade se inicia demasiado cedo e é preciso atrasá-la, que está a ser usado para bloquear a puberdade de crianças que se auto-diagnosticam “trans” entre os 8 e os 13 anos.
Mas, será que o uso de Lupron é uma intervenção neutra de baixo risco? Imagine que é uma menina de quinze anos, que, ao contrário das suas amigas, não tem pelos púbicos, nunca teve o período, não tem mamas, nunca experimentou um orgasmo e, em termos de tamanho e função, tem a vagina de uma menina pré-púbere. Soa-lhe a uma intervenção neutra? Um fármaco que atrasa o crescimento em altura e peso é uma intervenção psicologicamente neutra?
Não creio. Andar no segundo ciclo com outras meninas da mesma idade, e parecer uma menina da primária é psicologicamente esgotante, para não dizer pior. No entanto, é possível que a mudança na altura, provocada pela hormona do crescimento, seja muito menos profunda do que o dilúvio de hormonas durante os anos da puberdade, que transforma os nossos corpos em adultos sexuais. As hormonas sexuais como a testosterona não têm como único objectivo os órgãos sexuais. Também regulam o cérebro. Há boas razões para crer que têm um papel fundamental no desenvolvimento neurológico de um adolescente. Por que quereriam os médicos receitar medicamentos que o bloqueiem?
O Dr. Marcus Evans, psicoterapeuta, responde: «Creio que todo o sector foi politizado, não há protocolos cuidadosos no tratamento de crianças que se identificam como transgénero, os profissionais de saúde dizem que o tratamento com bloqueadores da puberdade é um acto neutro. De que estão a falar? Vai interferir com a força do desenvolvimento biológico de uma pessoa. Não lhe assegure que é um acto neutro.»
Uma menina que toma bloqueadores da puberdade tem consciência de que é diferente das amigas: elas têm seios, pelo nas axilas, problemas com o período, dizem coisas que indicam um despertar sexual, coisas de que ela nada sabe… Ela vai isolar-se e sentir-se cada vez mais alienada da feminilidade. Assim, não é de estranhar que num recente ensaio clínico 100% das crianças às quais se prescreveu bloqueadores da puberdade tenham decidido tomar hormonas do outro sexo. É uma estatística surpreendente se tivermos em conta que quando não se intervém em tão tenra idade, aproximadamente 80% a 98% dessas crianças supera a disforia de género depois de passar naturalmente pela puberdade. Longe de serem “neutros”, os efeitos psicossociais parecem radicais. Os riscos decorrentes do uso dos bloqueadores da puberdade são: supressão do desenvolvimento da densidade óssea normal e maior risco de vir a sofrer de osteoporose, perda da função sexual, interferência nos processos de amadurecimento cerebral e possível incapacidade de atingir o mais alto nível de inteligência.
A biologia não muda por decretos lei, nem por se introduzir na Constituição da República Portuguesa como as esquerdas propõem, e há consequências graves quando se tenta contrariar a natureza.
Referências bibliográficas: “Un Daño Irreversible”, Abigail Shrier, e “Nadie nace en un cuerpo equivocado”, José Errasti e Marino Pérez Álvarez
A autora rejeita o AO90, escrevendo em português correcto.
[1] Cecilia Dhejne, et al., “Long-Term Follow-Up of Transsexual Persons Undergoing Sex Reassignment Surgery: Cohort Study in Sweden,” PLoS One 6, no. 2 (2011): e16885, https://doi.org/10.1371/journal.pone.0016885