Emmylou Harris – Luxury Liner

O álbum abre com a canção que dá origem ao título, uma canção com uma vertigem sonora tanto frenética como arrepiante, principalmente para um tema country, escrita pelo seu ex-companheiro, precocemente falecido, Gram Parsons.

Emmylou Harris – Luxury Liner
1976

 

por Telmo Marques

Tendo sido sempre um acérrimo fã de música "country", não me desculparia certamente, em deixar de parte este álbum, que além de ter talvez a melhor voz de sempre neste género de música, é constituído igualmente por uma banda de faz corar de inveja pelo menos 99% de todas as outras.

Uma banda que integra Albert Lee, Hank DeVito, Rodney Crowell, Glen D. Hardin, Ricky Scaggs, Mickey Raphael, coadjuvados com a voz de um anjo como Emmylou, criam aqui toda uma atmosfera sonora única, e que, na minha modesta opinião, nunca mais conseguiriam replicar.

O álbum abre com a canção que dá origem ao título, uma canção com uma vertigem sonora tanto frenética como arrepiante, principalmente para um tema country, escrita pelo seu ex-companheiro, precocemente falecido, Gram Parsons.

A forma como a guitarra de Albert Lee e o pedal steel de Hank DeVito fornecem a camada musical necessária para a voz da Sra. Harris sobressair, é de facto um feito muito bem trabalhado pelo seu produtor, Brian Ahern.

O segundo tema é a versão definitiva de uma das mais conhecidas canções de Townes Van Zandt, e porque não afirmá-lo, a minha canção preferida de todo o álbum, novamente aqui com um arranjo fabuloso. É um dos poucos casos, em que a versão se sobrepõe ao original, ficando quase como a versão definitiva desta música.

Livin' on the road my friend
Was gonna keep you free and clean
Now you wear skin like iron
And your breath's as hard as kerosene
You weren't your mama's only boy
But her favorite one it seems
She began to cry when you said goodbye
And sank into your dreams

Pancho was a bandit, boys
His horse was fast as polished steel
Wore his gun outside his pants
For all the honest world to feel
Well, Pancho met his match you know
On the deserts down in Mexico
And nobody heard his dyin' words
Ah but that's the way it goes

All the Federales say
Could of had him any day
Only let him any day
Hang around
Out of kindness I suppose

Lefty, he can't sing the blues
All night long like he used to
The dust that Pancho bit down south
Ended up in Lefty's mouth
The day they laid poor Pancho low
Lefty split for Ohio
Where he got the bread to gop
There ain't nobody knows

Well, the poets tell how Pancho fell
And Lefty's livin' in a cheap hotel
The dessert's quiet and Cleveland's cold
So the story end's, we're told
Pancho needs your prayer's it's true
But save a few for Lefty too
He just did what he had to do
And now he's growin' old
A few gray Federales say
Could have had him any day
Only let him go so long
Out of kindness I suppose

Todo o álbum encontra-se carregado de pequenas joias, como o terceiro tema, "Making Believe", cantado aqui com uma ternura e envolvência que, nem mesmo o coração mais duro, deixará de sentir uma certa comoção!

"You Never Can Tell (C'est La Vie) é uma versão da música de Chuck Berry, entronizada para todo o sempre pela cena de dança entre John Travolta e Uma Thurman, no filme Pulp Fiction, de Quentin Tarantino.
Não sendo de todo o melhor tema do álbum, também não envergonha de forma nenhuma o seu autor, criando uma atmosfera "rootsy", em que sobressai o violino de Ricky Scaggs, o pedal steel de Hank DeVito e a inimitável guitarra de Albert Lee.

Não tendo sido um álbum que adquiri cedo. pois apenas me rendi à maravilhosa voz de Emmylou Harris já nos finais dos '90s, este álbum merece quanto a mim, o epíteto de obra prima, por todas as razões já previamente mencionadas, bem como porventura, algumas que o leitor irá encontrar, ao aprofundar ainda mais toda a essência deste álbum.

Abraço e até para a semana