Pagar impostos?

Os mitos sobre os cristãos, pelos vistos, não ficaram no passado… e isso é uma vergonha… porque significa que existe hoje uma espécie de racismo contra os cristãos, ou se quisermos uma xenofobia ou, ainda, uma descriminação de género, a que eu chamo cristofobia… hoje, continuam a dizer coisas sobre os cristãos que não são…

Quem são, afinal os cristãos? Merecemos nós todo este ódio que parece emergir na sociedade, por todo o lado? Como nos distinguimos? Somos uma raça superior entre a raça humana? 

A primeira coisa que verifico é que, tendo o homem deixado de acreditar no pecado, afinal começou a acreditar que existe pecado: ser cristão! De facto, no mundo não existe nenhum mal maior do que os cristãos e nas nossas zonas, a raça dos católicos é ainda um mal maior. 

Isso aconteceu, por exemplo, na época de Nero que, tendo incendiado Roma, culpou os cristãos. De facto, os cristãos começaram a ser naquele tempo a fonte de todos os males da sociedade. Afinal, eles não imolavam sacrifícios aos deuses pagãos – como aliás os judeus em geral – e tinham a sua vida comunitária muito própria. 

Os mitos sobre os cristãos, pelos vistos, não ficaram no passado… e isso é uma vergonha… porque significa que existe hoje uma espécie de racismo contra os cristãos, ou se quisermos uma xenofobia ou, ainda, uma descriminação de género, a que eu chamo cristofobia… hoje, continuam a dizer coisas sobre os cristãos que não são muito diferentes das que se diziam no principio do cristianismo…

Em primeiro lugar, se dizem mal de nós pelos pecados que cometemos, merecemos que nos castiguem; em segundo lugar, se dizem mal de nós por preconceito, merecem ter um processo no tribunal; em terceiro lugar, se dizem mal de nós injustamente, é uma glória para nós; por fim, se dizem mal de nós por incompreensão devem ser esclarecidos. Por isso, parece-me fundamental que haja um esclarecimento sobre a vida dos cristãos no mundo de hoje.

 

Numa epístola a Diogneto diz-se o seguinte: «Os cristãos não se distinguem dos demais homens nem pela pátria, nem pela língua que falam, nem pelo modo de vestir. Não moram em cidades que lhes sejam próprias, nem usam uma linguagem particular, nem levam um género de vida especial.

Sua doutrina não é conquista do génio irrequieto de homens curiosos, nem professam, como fazem alguns, uma doutrina humana. Moram em cidades gregas ou bárbaras, conforme coube em sorte a cada um, adaptando-se aos costumes locais quanto às roupas, à alimentação e a tudo o mais da vida, manifestam um estilo próprio de vida (admirável e verdadeiramente paradoxal.

Moram na sua pátria, mas como estrangeiros residentes. Participam de todos os deveres, como cidadãos, e tudo suportam como estrangeiros. Toda a terra é para eles uma pátria e toda a pátria é terra estrangeira; casam-se como toda a gente e geram filhos, mas não abandonam a sua prole. Põem em comum a mesa, mas não o leito; estão na carne, mas não vivem segundo a carne. Moram na terra e são cidadãos do céu; obedecem às leis estabelecidas, e superam as leis com o seu modo de vida. Amam todos e por todos são perseguidos. Não são reconhecidos, mas são condenados; são condenados à morte e ganham a vida. São pobres, e enriquecem muitos; carecem de tudo, mas em tudo abundam. São desprezados e, neste desprezo encontram glória; são caluniados e são justificados. Insultados, abençoam; ultrajados são respeitosos. Fazendo o bem, são castigados como malfeitores; punidos alegram-se como se recebessem a vida. Os judeus fazem-lhe guerra como a estrangeiros, e são perseguidos pelos gregos, mas os que os odeiam não sabem dizer o motivo do seu ódio» (A Diogneto, V).

Curiosamente, num artigo de opinião, sobre a questão do palco das Jornadas Mundiais da Juventude, dizia-se: «Os católicos que paguem a crise». Espantou-me ler este título, porque, que eu saiba, quem pagou e paga a crise em Portugal, são realmente os católicos, que são mais de setenta por cento, conforme os censos. A verdade é que quem paga o palco é mesmo os impostos que os católicos pagam neste país…