por Maria Helena Costa
No dia 10 de Março deste ano (2023), este jornal dava conta de que, de 2011 até então, “118 menores já mudaram de género em Portugal”[1] e de que, “destes pedidos, 88 foram para passar do género feminino para o masculino e 30 para passar do género masculino para o feminino”. Ou seja: tudo o que tenho vindo a denunciar, sobre o facto de as meninas estarem a ser mais influenciadas pela ideologia de género do que os rapazes, é um facto. E, apesar dos activistas afirmarem que «pode ser solicitada por menores, [mas que] é algo que acontece apenas nos documentos oficiais», a verdade é que esses menores – meninas e meninos – estão a ser convertidos a uma ideologia, que os convence que podem de facto “mudar de sexo”, e que, para isso, podem bloquear a puberdade,[2] enveredar por um caminho de dependência química,[3] e amputar partes saudáveis do seu corpo[4]. Aliás, o activista lgbtetc. António Vale recorda que, em Espanha, os menores já podem pedir para “mudar de sexo” aos 12 anos, e informa: “Temos casos de crianças que estão com a transição social perfeitamente feita. Com oito, nove, 10 anos, 12 anos. Ou seja: crianças, que não podem tomar nenhuma outra decisão sobre a sua vida, pois não têm maturidade para o fazer, podem decidir ser do outro sexo?
Apesar de as notícias que chegam até nós, informarem que países como a Suécia, Finlândia e alguns Estados dos EUA, os primeiros a adoptar a ideologia e a pô-la em prática, que começam a ter de lidar com queixas-crime de jovens adultos arrependidos, que, influenciados pela ideologia omnipresente e por influencers trans, optaram por “mudar de sexo” na adolescência e foram levianamente encaminhados para tratamentos irreversíveis, por “profissionais de saúde” afirmativos, acabaram com os tratamentos médicos baseados no conceito da “identidade de género”?
Sim. Por cá, a desinformação avança, a Escola é uma autêntica linha de montagem, e os políticos insistem na imposição de uma ideologia que resultará em mutilações genitais, muitos arrependimentos, e cada vez mais suicídios.
A desinformação começa quando se convencem crianças de tenra idade de que o sexo é mutável e de que basta sentir para ser. Aliás, a ideologia é tão contra-natura, que se não se introduzisse no ensino tão cedo, a partir do pré-escolar, não haveria tantos menores confusos.
Mas, quantos jovens, que foram convencidos de que podem ser o que quiserem e se afirmam transgénero – mulher-homem – conhecem os riscos de uma metoidioplastia e de uma faloplastia?
De acordo com uma sondagem entre transgéneros, realizada nos EUA, em 2015, ainda que 36% das mulheres que se identificam como “homens trans” se tenham submetido a duplas mastectomias e 61% a desejassem, só 3% se submeteram a uma faloplastia e apenas 13% desejavam fazê-la.
O que é a metoidioplastia?
Consiste em dar forma ao clitóris para que se pareça com um pénis minúsculo. Esta cirurgia não está pensada para que o mini-pénis fique duro e possa penetrar, ainda que se possa fazer um alargamento da nova uretra (geralmente, utiliza-se tecido da face interna da boca) através do clitóris, para que seja possível urinar de pé. Há sites que afirmam que «a ereção é possível, porém muitas vezes o falo fica pequeno, impossibilitando a penetração».[5]
Portanto, é um risco e pode nunca vir a servir para nada…
E a faloplastia?
A faloplastia é a construção de um pénis, e não é para corações sensíveis. Para produzir o eixo do pénis e a uretra, o cirurgião deve usar tecidos do antebraço (dissecando a pele, a gordura, os nervos e os vasos sanguíneos). Então, o médico deve conectar os nervos para restaurar a sensibilidade no lugar do enxerto.
Dizem, que quando é feito pelos melhores cirurgiões do mundo o resultado chega a ser impressionante. Mas, a maior parte dos cirurgiões estão longe de ser os melhores do mundo e, hoje em dia, sucedem-se os relatos de complicações decorrentes da faloplastia.
Não é fácil enxertar com êxito uma pele similar à do pénis. Os desafios sucedem-se: criar a função de urinar, obter uma certa rigidez e conseguir que endureça o suficiente para poder praticar a penetração. E ainda fica a faltar uma operação posterior, para enxertar implantes no falo enxertado e produzir assim o efeito similar ao de uma erecção.
A delicadeza necessária para unir as peças em miniatura é tal, que até o simples feito de ligar todas as veias e artérias para permitir o fluxo de sangue ao novo apêndice exige habilidades microcirúrgicas que envergonhariam um mestre relojoeiro.
Os riscos sucedem-se
Os coágulos de sangue são frequentes uma vez que mesmo as lesões triviais no revestimento dos vasos sanguíneos fazem com que as plaquetas colem. Um coágulo pode fazer com que o enxerto falhe criando uma ferida aberta que não pode ser fechada com suturas devido à inflamação. A uretra recém-criada carrega os seus próprios riscos: vazamento interno e externo. Um vazamento interno pode produzir tecido cicatricial e estenose, que resulta na diminuição na força do jato urinário e pode até causar um bloqueio total do jato de urina. E, claro, a zona do antebraço, da qual onde se removeu o enxerto, que fica espantosamente desfigurada.
Os danos são irreversíveis
Uma jovem de 19 anos, viu a faloplastia transformar-se em gangrena e perdeu o apêndice. Ela foi despojada dos seus órgãos genitais de ambos os sexos e vive amarrada a um cateter que leva a urina para uma bolsa amarrada à sua perna.
Uma mulher de 40 anos, depois das hormonas, de uma mastectomia dupla e de uma histerectomia (operação que teve de repetir já que na primeira vez o cirurgião lhe cortou a bexiga), submeteu-se a uma metoidioplastia e ficou satisfeita durante algum tempo. Mas, para poder praticar coito vaginal como um homem, submeteu-se a uma faloplastia. A faloplastia de Blake (o seu nome masculino) foi um desastre. A uretra implantada desenvolveu estenose, o que requereu uma cirurgia adicional para inserir um cateter suprapúbico e assim desviar o fluxo urinário para que a ferida pudesse sarar. O tubo suprapúbico desenvolveu uma septicemia. Um coágulo de sangue – risco comum da faloplastia – provocou uma embolia pulmonar, que quase a matou. Uma equipa médica salvou-lhe a vida, mas deixou-lhe uma dor de partir o coração.
Com o antebraço destroçado devido à extracção do enxerto já não podia levantar objectos, e até uma leve brisa bastava para enviar dolorosas descargas através da extremidade. Ela disse: «Tenho o braço incapacitado para toda a vida. Não consigo segurar nada. Não consigo segurar um garfo».
A septicemia começou na uretra. Começou a crescer pelo no pedaço de pele que foi retirado do seu braço. Imagine um pelo encravado na barba e multiplique-o por mil. A uretra falhou. Tem de se sentar para urinar. Ficou com um pedaço de nada entre as pernas.
A ira encheu o coração de Blake. Muita da sua ira é dirigida ao cirurgião que a operou, mas também a uma cultura que, segundo ela, de tanto elogiar a ideia de “mudar de sexo”, de a fazer parecer tão mágica, promove uma mentira. Até o seu psicólogo a incentivou a fazer a faloplastia. Mas, depois do fracasso da cirurgia, quando confrontado, ele respondeu-lhe que não tinha motivos para se arrepender, pois supunha que ela era transgénero.
Isso é assustador. A juventude é bombardeada, diariamente, com o glamour da transição, em como é fácil “mudar de sexo”. Não faltam influencers a exaltar as maravilhas da transição… Se uma mulher de 40 anos se deixou arrastar pela ideologia, como resistirão os mais novos?
As políticas identitárias “amordaçam” os profissionais de saúde e proíbem-nos de fazer o seu trabalho. Se o médico não aceitar imediatamente o auto-diagnóstico do paciente é rotulado como transfóbico e pode passar um mau bocado nas mãos dos activistas trans, que não descansarão enquanto ele não for despedidos e não lhe retirarem a licença para exercer.
As esquerdas encostadas e, actualmente, o PS (que pegou nas causas que antes eram bandeiras do BE), preparam-se para aprovar mais uma lei que impeça os profissionais de saúde de examinar as origens da disforia de género nas crianças e adolescentes confusos, que enchem os consultórios de psicologia e psiquiatria. Chamam-lhe “práticas de conversão da orientação sexual” e afirmam querer “acabar com o vazio legal”, mas, na verdade, o que querem é impedir que crianças e adolescentes, influenciados pelo ensino escolar e pelas redes sociais, possam ser devidamente acompanhados e aconselhados, pois sabem que se isso for feito «Cerca de 98% dos meninos e 88% das meninas confusos com o próprio género acabam por aceitar o seu sexo biológico depois de passarem naturalmente pela puberdade, segundo o DSM-V.»[6]
Infelizmente, as consequências de satisfazer as exigências de adolescentes radicalmente ideologizados podem, facilmente, criar uma dependência química para toda a vida, introduzir graves riscos para a saúde e acarretar uma sucessão de cirurgias perigosas com resultados trágicos a longo prazo. A dependência química – para toda a vida – devia ser o último recurso, não a solução inicial. Devia ser uma decisão tomada por adultos, nunca por crianças.
Apesar disso, e contra toda e qualquer lógica, insultam-se, perseguem-se e diabolizam-se aqueles que pedem cautela e moderação com a transição de menores de idade, mas, não há como negar que os perigos são inumeráveis e as salvaguardas, inexistentes; e que talvez o maior risco para os adolescentes que de repente decidem que são do outro sexo, como se fosse uma bóia salva-vidas, seja o mais devastador, que acordem uma manhã sem mamas e sem útero e pensem: «Eu só tinha 16 anos… Era uma menina. Porque é que ninguém me impediu de fazer isto?». Ou: «Eu só tinha 16 anos. Era um rapazinho imaturo. Porque é que ninguém me impediu de fazer isto?»
Eu tentei. E, se Deus me der vida e saúde, continuarei a tentar.
Estimado leitor, se deseja saber mais acerca dos danos irreversíveis causados pela ideologia do género, e muito especialmente pelo activismo trans, aconselho-o a adquirir os livros aos quais fui buscar a informação que tenho vindo a partilhar: “Irreversible Damage: The Transgender Craze Seducing Our Daughters”, de Abigail Shrier, e “Nadie nace en un corpo equivocado: Éxito y miseria de la identidad de gênero”, de José Errasti e Marino Pérez Álvarez. Claro que os activistas vão dizer que nenhum dos autores é credível, mas é isso que se espera de quem adopta esta ideologia como a única “religião verdadeira” e não suporta vê-la desmascarada.
A autora rejeita o AO90, escrevendo em português correcto.
[2] https://sol.sapo.pt/artigo/791538/os-danos-irreversiveis-da-ideologia-trans-1-
[3] https://sol.sapo.pt/artigo/792571/os-danos-irreversiveis-da-ideologia-trans-2-
[4] https://sol.sapo.pt/artigo/793676/os-danos-irreversiveis-da-ideologia-trans-3-
[5] https://saude.abril.com.br/coluna/com-a-palavra/conheca-a-cirurgia-genital-afirmativa-de-genero-ou-de-redesignacao-sexual/