Dire Straits – Making Movies

Apesar de nem tudo ter sido fácil no início das gravações, com acesas discussões entre os irmãos Knopfler, que levou à saída permanente de David, este é talvez, o álbum mais coeso de todo o seu reportório, pelo menos dos gravados em estúdio, mas longe de ser conceptual.

Dire Straits – Making Movies
1980

Gravado no Power Station Studios, Nova Iorque
Produzido por Jimmy Iovine e Mark Knopfler
Guitarra e vocais – Mark Knopfler
Guitarra baixo – John Illsley
Bateria – Pick Withers
Músicos adicionais:
Roy Bittan – teclados
Sid McGinnis – guitarra rítmica

por Telmo Marques

E eis que, ao terceiro álbum de estúdio, os Dire Straits emancipam-se de vez, ao criarem o que é quanto a mim, o seu melhor álbum de sempre, abandonando o registo "rootsier" de simples quarteto de guitarras, bateria e baixo, adicionando-lhes, com a ajuda preciosa de Roy Bittan da E-Street Band nos teclados, um "boost" naquele que viria a ser o formato imortalizado pela banda nos anos subsequentes.

Apesar de nem tudo ter sido fácil no início das gravações, com acesas discussões entre os irmãos Knopfler, que levou à saída permanente de David, este é talvez, o álbum mais coeso de todo o seu reportório, pelo menos dos gravados em estúdio, mas longe de ser conceptual.

Qalquer álbum que no lado A tenha contenha preciosidades como "Tunnel of Love", "Romeo and Juliet" e "Skateaway", terá de ser considerado quer pelos fãs, quer  pela crítica em geral, como uma autêntica preciosidade..

Quanto a mim a melhor música de sempre dos Dire Straits, "Making Movies" abre com Tunnel of Love, e a tentativa pessoal de Mark Knopfler colocar algo da sua geografia nordestina britânica até Rockaway Beach, em Nova Iorque, como descrito na própria letra da canção:
"…from Cullercoats, to Whitley Bay (Newcastle), "down to Rockaway" (Nova Iorque).

Romeo and Juliet é mais uma canção de amor não correspondido, ao que parece baseado num romance que MK terá tido com Holly Valence, dos Holly and the Italians, que abre com um arpeggio fabuloso de Knopfler com  a sua National guitar, bastante similar, diga-se en passant,  ao tema Jungleland de Springsteen.

Segue-se-lhe "Skateway", a começar com um preenchimento fantástico de percussão de Pick Withers, entrando depois a Shechter eléctrica de MK, com um riff poderosíssimo, uma batida sincopada da bateria, e temos mais um tema clássico.

Encerrado o Lado A do álbum, temos o B, que não tendo o mesmo brilho (seria difícil igualar tamanha façanha), não faz qualquer fã corar de vergonha.
Temos "Expresso Love" e "Solid Rock" que são quase uma pastiche de qualquer tema de Chuck Berry, grande influência em Mark Knopfler, bem como "Hand in Hand", quanto a mim, o tema mais forte do Lado B do álbum.
Tendo mais uma vez como tema principal o amor, é uma música muito bem estruturada, com uma letra bem conseguida, se bem que o tema seja já algo requentado.

" As you'd sleep I'd think my heart would break in two
I'd kiss your cheek I'd stop myself from waking you
But in the dark you'd speek my name
You'd say baby what's wrong
Oh, here I am baby I'm coming back for more
I'm like a wave that's going to roll into the shore
Yes and if my love's in vain how come my love is so strong?

O último tema do álbum chama-se "Les Boys", e será supostamente sobre aqueles bares de cariz duvidosos, existentes na cidade de Munique, que pouco acrescenta ao descrito anteriormente, sendo na minha modesta opinião, o ponto mais fraco do álbum.

Comprei este álbum três vezes, a primeira em vinil, depois em cd e já neste século, a versão remasterizada, o que pouco acrescenta à primeira versão em vinil.

Rompi não sei quantas agulhas a ouvi-lo, principalmente o Lado A, que com apenas 20 minutos, transformou aquele que poderia ser mais um álbum, numa excelsa obra prima, digna de posar ao lado do que melhor se fez a nível musical nos anos '80.

Até para a próxima semana