Símbolo da mudança e criatividade

Astana é uma cidade surpreendente. É moderna e futurista, ao estilo das metrópoles europeias, mas respeita a cultura e as tradições do país. Há, definitivamente, algo de atraente na capital do Cazaquistão.

Fundada em 1830 como posto militar russo, foi elevada a vila com o nome Akmolinsk. Durante o período soviético chamou-se Tselinograd, Akmola e Nur-Sultan, o ano passado mudou para Astana e tornou-se a nova capital do Cazaquistão. Em 1999, foi designada Cidade da Paz pela UNESCO e o seu símbolo é a tradicional árvore Baiterek.

A cidade começou a ser reconstruída em 1997 e o resultado é surpreendente. Os prédios residenciais, escritórios e espaços comerciais de arquitetura arrojada nascem a cada esquina, percebe-se por que razão o setor da construção foi o que mais cresceu o ano passado (9,4%).

Astana é cosmopolita, moderna e está recheada de hotéis e boutiques de marcas luxuosas. Tem potencial turístico e capacidade para bem receber os visitantes. Se há muitos mundos por descobrir, Astana está seguramente entre eles.

A segunda maior cidade do país tem cerca de um milhão de habitantes e é o centro do poder. O palácio presidencial, o parlamento, a corte suprema e vários departamentos e agências governamentais moram em Astana.

A cidade está dividida pelo rio Yesil, é ao atravessar a espetacular Fish Bridge que temos as melhores vistas de Astana. A margem antiga é essencialmente residencial, com prédios de linhas duras e cores sóbrias, bem ao estilo soviético, onde não há muito para ver, na outra margem ficam as instituições governamentais e empresariais e os prédios espelhados, coloridos e imponentes dos centros culturais, desportivos, de lazer e hotéis.

Visão futurista

Astana tem uma arquitetura exuberante que combina as tradições culturais do Oriente e do Ocidente. O arquiteto japonês Kisho Kurokawa foi o responsável pelo arrojado projeto que deu forma à cidade. O arquiteto britânico Norman Foster fez o resto, ou seja, projetou alguns dos edifícios futuristas e icónicos como o Palácio da Paz e Harmonia, o centro Khan Shatyr e o Abu Dhabi Plaza, o edifício mais alto da Ásia Central com 320 metros. A beleza e altura dos edifícios permite a comparação com Nova Iorque, Tóquio ou Dubai. Todas estas obras são financiadas pelo petróleo e gás, as grandes riquezas naturais do Cazaquistão.

O centro da cidade é plano e permite percorrer tranquilamente a pé as largas avenidas sem a ‘turistada’ bravia de outras paragens. Ficámos com a ideia de que os residentes fazem a vida normal e mantêm as rotinas sem o ‘assalto’ dos estrangeiros. Nem sequer os forasteiros são ‘assaltados’ ou estimulados a comprar qualquer pechisbeque. Facilmente nos deparamos com bares charmosos, restaurantes da moda e espaços culturais alternativos. Regra geral, o atendimento é bastante simpático e rápido.

Apesar de ser uma capital jovem, a oferta cultural é grande e diversificada. Existem vistosas salas para teatro, ballet e concertos, museus, bibliotecas e galerias de arte.

O exuberante Boulevard Nurzhol é a atração maior da cidade. É aí que fica a Torre Baiterek, símbolo de Astana e do Cazaquistão. Foi construída para celebrar os 10 anos de independência da União Soviética. Tem 97 metros de altura e o elevador interior leva-nos à sala panorâmica onde temos uma vista incrível da cidade. Representa um conto popular sobre a árvore sagrada da vida, Baiterek, e um pássaro mágico da felicidade. A cúpula dourada representa um ovo, que simboliza o início da vida. Na sala, há uma placa dourada com a forma da mão direita de Nursultan Nazarbayev, o primeiro presidente do Cazaquistão, que sugere aos visitantes que coloquem a própria mão na placa e peçam um desejo: quando alguém o faz começa a tocar o hino nacional.

O Museu Nacional da República do Cazaquistão abrange literalmente toda a história do país, desde as origens nómadas até à atualidade. A estrela do museu é o antigo guerreiro saka, o ‘Homem Dourado’, decorado com mais de quatro mil joias em ouro, que terá vivido há 2400 anos. O museu tem exposições permanentes de etnologia, arqueologia, história e arte moderna, e duas exposições de peças históricas feitas em ouro.

Outro ponto turístico é o Palácio da Paz e Harmonia, construído na forma de pirâmide com 62 metros de altura, onde existem salas para concertos e conferências e galerias para exposições. Merece igualmente visita à Expo, o maior edifício em forma de esfera do mundo, onde podemos interagir com um robot e onde existem exposições ligadas à conquista do espaço e a energias alternativas.

A mesquita Khazret Sultan é a maior da Ásia Central e recebe 30 mil fiéis no interior. Tem a maior cúpula do mundo com 63 metros, os quatro minaretes de 130 metros de altura são feitos em cinco partes para simbolizar os cinco pilares do Islão: fé, oração, jejum, caridade e peregrinação. O salão principal tem 15500 m2 e está coberto pelo maior tapete artesanal do mundo. A parede virada a Meca tem os 99 nomes de Alá e 25 milhões de vidros de cores diferentes. Mais de 70% da população Cazaquistão segue o Islão, embora de uma forma liberal.

O oceanário Duman é outro ponto de interesse, com a particularidade de estar a mais de três mil quilómetros do oceano. É o sonho de milhares de pessoas que vivem nas estepes e assim podem ver um pedaço de mar e espreitar o reino subaquático. Tem dois mil animais marinhos de mais de 100 espécies de várias zonas do mundo. O túnel feito em acrílico transparente permite caminhar no fundo do oceanário a curta distância dos tubarões.

Destaque ainda para o espaço comercial e de entretenimento Khan Shatyr, que imita as tradicionais tendas cazaques, mas com uma arquitetura futurista e uma área coberta equivalente a dez estádios de futebol. No seu interior existe um espaço comercial com 170 lojas e 32 restaurantes e cafés, um parque aquático, piscina de ondas e um campo de minigolfe. É a maior tenda coberta do mundo.

Apesar de só haver avenidas largas de três e quatro faixas em cada sentido, o trânsito é caótico e indisciplinado, os condutores andam numa constante correria. A cidade não tem muitas ofertas de transporte público, apenas existem autocarros e táxis. Está a ser construída uma linha de metro à superfície.

Astana é considerada a segunda capital mais fria do mundo, depois

Ulaanbaatar na Mongólia. Normalmente, o rio que separa a cidade está congelado entre novembro e abril. As temperaturas médias entre junho e setembro oscilam entre os 14 e os 26 graus, esse é o melhor período para visitar Astana se quiser fugir do frio glaciar e da neve, quando a  temperatura mínima atinge aos 20 graus negativos, com um recorde de -41º.

A gastronomia nestas paragens é dominada pela carne de cavalo acompanhada por vegetais, batata ou macarrão, e a bebida típica é o leite de égua. Os mais tradicionalistas comem esse prato com as mãos e não com os talheres. A carne de vaca e de camelo também é confecionada.

Reconhecimento da UNESCO

Os arredores da cidade têm igualmente pontos de interesse como a reserva de Korgalzhin, que é Patrimônio Mundial da UNESCO. É um local imperdível para os amantes da natureza pela beleza selvagem e pelos lagos de água doce e salgada embutidos numa zona de estepe. A biodiversidade deste território inclui mais de 500 espécies de plantas e mais de 1400 espécies de animais aquáticos e terrestres.

O campo de concentração para esposas de traidores da pátria Alzhir, uma famosa prisão onde mais de 18 mil mulheres estiveram presas no tempo do regime soviético. O seu único ‘crime’ é que eram cantoras, artistas e escritoras, ou esposas de estadistas famosos e de figuras públicas perseguidos pelo regime comunista por motivos políticos.

Algumas generalidades que importa saber. Não é necessário visto para viagens de turismo e negócios até 30 dias. O passaporte deve ter uma validade superior a seis meses. As línguas mais faladas são o cazaque e o russo, o inglês é comum entre os jovens.

Existem máquinas ATM por toda a cidade e os cartões de crédito são aceites em hotéis, restaurantes e lojas. Pagamentos em dinheiro só na moeda local, o tenge.

A segurança está muito presente. É visível logo à chegada ao aeroporto e estende-se pela cidade onde é frequente cruzarmo-nos com patrulhas de polícia.