Presidente dos EUA critica republicanos e as suas condições para subida do limite da dívida

Biden declarou que os congressistas republicanos estão a ameaçar um incumprimento histórico dos EUA face aos seus compromissos, “a não ser que eu concorde com todas essas noções malucas que eles têm”.

O Presidente dos EUA, Joe Biden, criticou na quarta-feira fortemente as condições avançadas pelos republicanos para aprovarem a subida do limite da dívida federal, durante uma deslocação a um centro de formação sindical, no Estado do Maryland.

Biden declarou que os congressistas republicanos estão a ameaçar um incumprimento histórico dos EUA face aos seus compromissos, "a não ser que eu concorde com todas essas noções malucas que eles têm".

O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Kevin McCarthy, tinha apresentado pouco antes uma proposta de subir o limite da dívida dos EUA em 1,5 biliões (milhão de milhões) de dólares, mas muito condicionada.

A dívida atual dos EUA é de 31,5 biliões de dólares.

A proposta é condicionada à aceitação pelos democratas de uma longa lista de prioridades dos republicanos, incluindo novos limites de despesa, exigência de prestação de trabalho por quem receber ajudas federais e outras que o governo de Joe Biden nem aceita discutir.

Em todo o caso, não é certo que McCarthy possa contar com 218 votos republicanos na Câmara dos Representantes, correspondentes à maioria, a favor da sua proposta, que em todo o caso não tem hipótese de passar no Senado.

Se o limite da dívida não for elevado nas próximas semanas, o governo fica em risco de não poder as suas contas e enfrentar um incumprimento do serviço da dívida (reembolsos mais juros), que seria algo economicamente devastador.

As condições republicanas incluem a subida do limite da dívida em 1,5 biliões de dólares no próximo ano, o que coloca a questão diretamente no meio da próxima eleição presidencial.

Por outro lado, o nível da despesa deve ser reduzido para números de 2022 e esta só vai poder crescer a um ritmo anual de um por cento durante os próximos 10 anos, com algumas exceções relativas à defesa.

Além de pretender anular algumas das principais medidas de Biden, como o alívio da dívida de milhões de estudantes, contraída para frequentar a escola, McCarthy também quer o fim de medidas que visam combater as alterações climáticas e do financiamento a Administração Fiscal para auditar potenciais fugitivos ao fisco.

A proposta contempla ainda o aumento da produção de petróleo, gás e carvão e a revisão das licenças para facilitar este desenvolvimento.

As apresentações feitas esta semana, como que em espelho, começou com McCarthy a discursar em Wall Street e continuou quarta-feira com Biden a discursar em instalações sindicais, como que a mostrar duas diferentes Américas.

Ao falar em uma oficina, Biden apontou o contraste com o discurso de McCarthy e Wall Street e enfatizou que limitar os programas de despesa governamental pode afetar uma classe média, que já tem dificuldade em satisfazer necessidades básicas.

Considerou ainda que os republicanos, ao exigirem concessões para os EUA pagarem as suas dívidas, estão a ser "piores do que totalmente irresponsáveis", declarando que "os EUA não são uma nação de caloteiros".

"Caros, esta é a agenda económica MAGA: cortar despesas para as pessoas da classe média e trabalhadora e cortar impostos para os que estão no topo da pirâmide", disse Biden, referindo-se ao slogan eleitoral de Donald Trump, 'Make America Great Again' (MAGA).

Considerou ainda que a questão "não é sobre disciplina orçamental", avançando que "é sobre cortar benefícios para as pessoas (…) das quais não querem saber".

Biden e McCarthy, que têm de se encontrar para resolver o problema, estão a apresentar estratégias diametralmente opostas a audiências diferentes, cada um apostando que a sua vai acabar por prevalecer.