Há ‘PRESSE’ em encher a cabeça das crianças de sexo

por Maria Helena Costa

Longe vai o tempo em que mandávamos os nossos filhos para a Escola para aprenderem matemática, português, história, ciências e outras matérias que, além de lhes dar conhecimentos de cultura geral, as preparasse para o mercado de trabalho. Hoje, a principal função da Escola parece ser a de encher a mente das crianças de sexo, ou melhor, de ideologia de género, estimulando-as a experimentar todas as formas, possíveis e imaginárias, de fazer sexo e a não serem o que são, dizendo aos meninos que podem ser meninas e às meninas que podem ser meninos – quando quiserem – que podem escolher o seu género [sexo] e que até podem ser do sexo fluído — hoje é menino, amanhã menina, bissexual, pansexual, o que lhe apetecer, mediante os 114 géneros que a Escola lhes apresenta.

Para atingir os objectivos, ou seja, para pôr as crianças a pensar em sexo, na perspectiva ideológica do género, sucedem-se os guiões para professores (que os pais desconhecem e nunca chegam a ver), com conteúdos para as crianças assimilarem e actividades para desenvolverem. Dentre esses guiões, quero apresentar-lhe o novo PRESSE do 1º Ciclo?

Talvez ainda consiga aceder ao mais antigo[1](2011), que, na página 4, propunha abordar 4 áreas temáticas sobre “IDENTIDADE SEXUAL E PAPEL DE GÉNERO”:

  1. Conhecimento e valorização do corpo;
  2. Identidade sexual e papel de género;
  3. Relações interpessoais;
  4. Reprodução humana.

E, especificava o ponto 2:

  1. Diferenças entre rapazes e raparigas;
  2. Aceitação positiva da própria identidade sexual e da dos outros;
  3. Aquisição dos papéis de género flexíveis, igualitários e não discriminatórios.

Ou seja, em 2011, o PRESSE ainda falava em “identidade sexual” – o sexo com que cada um nasce – e “papel de género” – os papéis desempenhados pelo género masculino e pelo género feminino – e não no conceito ideológico de uma suposta “identidade de género”, que despreza a natureza e a biologia e as substitui pela ideologia.

Já o novo PRESSE[2], que chegou às escolas no início deste ano lectivo, logo na página 2, começa por tentar coagir qualquer intenção de tornar o seu conteúdo público:

Todos os conteúdos deste documento são propriedade exclusiva do PRESSE – Educação Sexual, assim como dos(as) seus(suas) parceiros(as). Este material não pode ser usado, reproduzido, copiado, transmitido, transformado ou comercializado, no todo ou em parte, sem o consentimento expresso e escrito dos(as) seus(suas) autores(as)

Mas, o PRESSE, que é leccionado por adultos e incutido na mente das crianças, na Escola, não deve ser um documento que os pais possam consultar livremente e transmitir a outros pais, por exemplo? Não é um documento público, ao qual os pais devem ter acesso privilegiado?

Ou, será que não interessa aos seus autores/promotores que os pais tenham conhecimento das 8 áreas temáticas a abordar, e que são:

  1. Relações interpessoais;
  2. Valores, direitos, cultura e sexualidade;
  3. Compreender o género;
  4. Violência sexual e segurança pessoal;
  5. Competências para a vivência da sexualidade e para o bem-estar;
  6. Corpo sexuado em desenvolvimento;
  7. Sexualidade e comportamento sexual;
  8. Saúde sexual e reprodutiva?

Sexo, sexo e mais sexo, segundo a perspectiva ideológica do género? Os pais, sabem que a maior preocupação da Escola é construir a sexualidade dos seus filhos? E, não, não estou a exagerar. É só ler o Referencial de Educação para a Saúde (que título tão enganador), uma ferramenta educativa flexível, […] DESDE A EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR AO ENSINO SECUNDÁRIO […] EM QUALQUER DISCIPLINA OU ÁREA DISCIPLINAR, que, na pág. 73 informa: Nos vários ambientes que a escola proporciona os alunos experimentam a sua sexualidade, quer seja nas suas brincadeiras, no estudo e nos namoros, mas também na relação com os docentes e trabalhadores da escola. Ela [a sexualidade] está presente nas conversas, nos jogos, nas quezílias, mas também nos conhecimentos científicos. A educação para a sexualidade para ter os resultados desejáveis terá de dirigir-se à escola como um todo, penetrar em todos os seus ambientes, envolver todos os seus membros, aproveitar todos os momentos para, através de acontecimentos emocionais estruturados, construir modelos que promovam os valores e os direitos sexuais, [das crianças].

“Para ter os resultados desejáveis”, por quem? Porque é que o Governo, o Ministério da Educação e a Escola, estão tão focados na sexualidade dos mais pequeninos? Porque é que é tão importante encher a cabeça de crianças, dos 6 aos dez anos, de sexo?

Sim. De sexo. É só desfolhar o PRESSE do 1º Ciclo para nos depararmos com conteúdos absolutamente impróprios para crianças tão pequenas:

O conceito ideológico de género, como direito humano (pág. 24).

A actividade de grupo consiste em fazer com que as crianças façam «a roda dos direitos humanos e em conjunto expressem o respeito pelos direitos de todas as pessoas serem livres e iguais em dignidade». Tão fixe, não é? Só não havia necessidade de os alunos terem de se fazer passar por gays, lésbicas, trans, etc., até porque são demasiado novinhos para serem despertos para isso e para serem recrutados para o movimento lgbtetc. (pág. 27). Além disso, compete aos pais educarem os filhos e ensinarem-nos a respeitar os outros, não por serem isto ou aquilo, mas por serem SERES HUMANOS.

Distinguir sexo biológico e género (pág. 28). Definir género e sexo biológico e descrever como eles diferem. Identificar fontes de informação sobre sexo e género (pág.29).

Incutir uma ideologia político-ideológica, compilada por adultos perversos, em mentes tão inocentes, é maléfico. Confundir crianças, tão pequenas, com conceitos puramente ideológicos e anti-científicos, que começam a revelar-se trágicos para milhares de crianças (hoje, jovens adultos) e que já levaram vários países a suspender tratamentos de redesignação sexual baseados numa suposta “identidade de género”[3], é abuso psicológico e sexual. Crianças, dos 6 aos 10 anos, não têm de «reconhecer que as perceções de sexo e género são influenciadas por muitas fontes diferentes, nem reflectir sobre como se sentem em relação ao seu sexo biológico e género» (pág. 29). Crianças dessas idades, têm de aprender a ler, escrever e contar. Têm de desenhar e brincar livremente, sem pensar que enquanto não “saírem do armário” e não assumirem uma das muitas identidades da bandeira colorida – omnipresente em muitas escolas – não têm identidade. Aliás, o conceito de género só lhes passa pelas cabecinhas porque há activistas a incutir-lhes uma ideologia proveniente de fontes diferentes daquelas que os pais usam para as educar. É perverso dizer a crianças tão pequeninas que podem mudar de sexo quando quiserem e serem gays, lésbicas, etc. (pág. 30). Até porque é preciso explicar-lhes o que significa ser cada uma das letras do abecedário colonizado pelo movimento lgbtetc.. E todos sabemos que, por exemplo, ser homossexual é sentir atracção sexual por pessoas do mesmo sexo.

Isso é despertar as crianças, precocemente, para o sexo, mostrando-lhes tudo sobre sexo, relações sexuais e gravidez (págs. 61 a 71), dizendo-lhes que um pedófilo condenado afirmou algo como isto: «Os pais são em parte culpados por não conversarem com os seus filhos sobre [questões sexuais] – usei isso em meu proveito, ensinando a criança, eu mesmo.» (pág. 78), falando mais e mais sobre sexualidade, ciclo de vida sexual e interacções sexuais (pág. 79), homossexualidade, bissexualidade, heterossexualidade (pág. 80), prevenção da gravidez, métodos anti-concepcionais e aborto (págs. 85 e 86) e SIDA (pág. 88).

É para isto, que os pais mandam os filhos – dos 6 aos 10 anos – para a Escola?

E, como se não bastasse, também enchem a cabecinhas das crianças com ideologia feminista (págs. 31 a 37).

Se a minha neta fosse confrontada com as generalizações feministas, acerca das tarefas domésticas e da vitimização da mulher, pensaria que era a única criança a ter um pai que cozinha, lava a louça, põe a roupa na máquina, estende-a, passa a ferro, arruma a casa; pensaria que só ela tem um pai e uma mãe que dividem as tarefas domésticas.

Mas, e voltando à Escola como instrumento de erotização precoce das crianças, não posso deixar de questionar:

Será que estamos diante da concretização do sonho comunista/socialista? Que estamos a ver cumprir os ideais de socialistas, como Herbert Marcuse, que, já em 1955, no seu livro Eros e Civilização, propunha que todos os corpos se transformassem em meros instrumentos de prazer e apelava a que se deixassem crianças, adolescentes e jovens, livres para todas as práticas sexuais que desejassem fazer, pois, a erotização de crianças adolescentes e jovens levaria à desintegração das instituições em que foram organizadas as relações privadas, ou seja, a família?  Segundo ele: «Ao erotizar crianças, adolescentes e jovens, destruiremos a família monogâmica patriarcal.» Não é isso que está a ser feito na Escola?

Ou estaremos a ver cumprir-se o fetiche de Shulamit Firestone, feminista radical, no seu livro A Dialética do Sexo (1970), voltou a dar a receita para destruir a família?

Assim, chegaremos à liberdade sexual para que todas as mulheres e crianças possam usar a sua sexualidade como quiserem. Não haverá mais nenhuma razão para não ser assim […] Na nossa nova sociedade a humanidade poderá facilmente voltar à sua sexualidade natural “polimorfamente diversa”. Serão permitidas e satisfeitas todas as formas de sexualidade. A mente plenamente sexuada tornar-se-ia universal.[4] […] E, ainda que [a criança] escolhesse a sua própria mãe genética, não existiriam razões, à priori, para que esta rejeitasse as suas insinuações sexuais visto que o tabu do incesto teria perdido a sua função.[5]

Firestone, que declarou: «as feministas têm de questionar, não apenas toda a cultura ocidental, mas também a organização da própria cultura, e a té mesmo a própria organização da natureza»[6], desejava ardentemente que chegasse o dia em que as mentes infantis só pensassem em sexo.

Hoje, a maioria de esquerda com assento na Assembleia de República, sob o silêncio ensurdecedor dos que se dizem de direita e de muitos pais, usa a Escola para colocar em prática os ideais feministas de Firestone e de Kate Millet, outra feminista radical, que no seu livro Política Sexual (1969), imortalizava conceitos como: «O pessoal é político», a noção de “patriarcado” como regime político do sexo masculino que vai muito além das dimensões públicas, e a família como a principal instituição social que reproduz a “estrutura patriarcal”[7] e que, portanto, deve ser destruída .

São esses ideais socialistas, presentes em todos os ciclos de ensino, que estão na raiz do PRESSE e que são incutidos na mente das crianças. A ideologia de género, o único conceito sobre o qual versa a educação sexual escolar, é um absurdo que nunca imaginámos, algo que nem num hospício esperávamos encontrar, e que é hoje debatido na sala de aula do seu filho, a partir do pré-escolar.

O objectivo? Destruir a família e a cultura judaico-cristã, para criar o “novo homem” do socialismo, que converte o absurdo no modelo de pensamento dominante.

É hora dos pais!

 


[1] https://www.acoliveira.pt/wp-content/uploads/2021/11/Caderno-PRESSE_-1o-Ciclo.pdf

[2] https://www.presse.com.pt/1o-ciclo/

[3] https://observador.pt/opiniao/noruega-da-mais-um-golpe-no-activismo-transgenero/

[4] Shulamith Firestone, La dialectica de los sexos. En defensa de la revolucción

feminista, Editorial Kairós, Barcelona 1976, pp. 258-262.

[5] Shulamith Firestone, A Dialética do sexo, pág. 215.

[6] Shulamith Firestone, The dialectic of sex. The case feminist revolution. New York, Bantam Book, 1971, p. 2.

[7] Millet, Kate. Sexual Politics. Illinois, University of Illinois Press, 2000