A caça e caça do disparate

Nestes dias ditos modernos, na sua incessante ligeireza, velocidade e procura de novas referências, às vezes, sem a avaliar a total extensão dos seus impactos negativos, fustiga-se a caça como atividade desenvolvida por seres humanos.

por Pedro do Carmo
Deputado do PS

A suposta modernidade e as modas adjacentes, fundadas em preconceitos e fundamentalismos radicais, amiúde sem qualquer nexo de fundamento científico, diabolizam a caça como se não tivesse sido parte da evolução humana, não fosse essencial para a sobrevivência e não estivesse associada a importantes pontos de equilíbrio dos ecossistemas e a pilares do desenvolvimento local em muitos pontos do país.

Há muitos territórios de Portugal que têm na caça, numa lógica de atividade económica, um motor fundamental de dinamização das comunidades, de fixação de população e de atração de visitantes que, de outro modo, se manteriam na faixa litoral do país ou procurariam outros espaços no exterior para caçar.

Quem fala com a ligeireza de querer impor às esferas de liberdade dos outros regras e proibições que decorrem de gostos pessoais, perspetivas enviesadas e tendências alegadamente modernas e progressistas, só deveria ter a ousadia de as verbalizar tendo capacidade para gerar soluções alternativas sustentáveis para as pessoas e para os territórios visados. Ninguém vive só do ar.

É ignorância um fundamentalismo protecionista que determine a destruição de equilíbrios ambientais que sempre existiram e que são prejudicados por preconceito, com danos elevados na produção agroalimentar, no património e nas dinâmicas do Mundo Rural.

É de irresponsabilidade não perceber o sentido da expressão popular: ‘Uma vez é da caça, outra do caçador’, que se reporta não apenas a um mau dia de caça, mas também a um sentido de equilíbrio dos ecossistemas naturais, que contam com a existência das presas e dos predadores.

É por isso fundamental manter os equilíbrios e combater os desmandos fundamentalistas.

A caça contribui para a manutenção de equilíbrios entre as espécies e na relação destas com os seres humanos, tendo como palco os ecossistemas naturais e os espaços comerciais gerados para o efeito.

A caça não é parte de nenhum problema essencial do presente ou do futuro, está sempre disponível para mitigar os impactos negativos que possam existir e representa um pilar de desenvolvimento comunitário e realização pessoal para muitos portugueses.

As derivas proibicionistas e preconceituosas já provaram ter mais impactos negativos do que benefícios para as pessoas e os territórios.

Basta ver algumas das pragas devastadoras que se sinalizam em alguns pontos do país com ameaças reais à produção agroalimentar, à propriedade e à segurança de pessoas e bens.

Portugal precisa de senso e equilíbrio, não precisa de quem acrescente problemas aos existentes.

A caça é um ativo da economia nacional, parte importante da afirmação de muitos territórios do Interior e fator de desenvolvimento local.

A caça regulada é parte importante do esforço de manutenção dos equilíbrios dos ecossistemas, das tradições e das marcas de comunidades e de um país que não nasceu agora.

É por isso fundamental, recentrar o debate na defesa da caça como parte da promoção da sustentabilidade e da biodiversidade, estancar a derivas proibicionistas insensíveis à relevância estratégica da atividade e combater sem tréguas a caça furtiva e todos os abusos que na caça, como noutras áreas exista,

A caça é parte da construção de soluções equilibradas para os territórios.