Formação de professores e programas televisivos introduzem português na Guiné-Equatorial

A formação de professores, a difusão de programas televisivos em português e a criação de centros culturais são medidas previstas pela Guiné Equatorial para promover a língua portuguesa, uma das condições de adesão à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), organismo da CPLP, é responsável pela promoção do português na Guiné-Equatorial, uma das condições para a entrada deste país na comunidade de países lusófonos, a par de uma moratória sobre a pena de morte, entre outras.

A língua mais falada neste país é o castelhano, mas o francês também é língua oficial.

O IILP celebrou com as autoridades da Guiné Equatorial um protocolo de colaboração, em Fevereiro de 2012, para que este país “se capacitasse cada vez mais no sentido de participar na comunidade dos países da Língua Portuguesa”, disse à Lusa o director-executivo do instituto, Gilvan Müller de Oliveira.

“Na prática, o uso do português não começou ainda, porque é a oficialização que desencadeia o processo de oferta da língua e de apoio para que as pessoas possam vir a utilizar a língua”, afirmou à Lusa.

A Guiné Equatorial, que decretou o português como língua oficial na Constituição em 2010, pretende oferecer o ensino da língua em seis anos da escola pública — três na escola primária e três na escola secundária.

Para tal, é necessário formar os professores, estando prevista a criação de grupos de docentes para aprender português e “assim fazer um cronograma de implementação da língua, que demorará alguns anos”, descreveu à Lusa o responsável do IILP.

Por outro lado, está prevista, ainda este ano, a introdução de programas televisivos de países lusófonos na televisão pública deste país.

“Serão falados e legendados em português, permitindo que [os equato-guineenses] tenham um ‘input’ de familiaridade com o português, mas que também tenham uma ajuda da legenda, porque o português escrito é um pouco mais parecido com o castelhano e isso pode ajudar a tirar alguma dúvida”, referiu Müller de Oliveira.

As autoridades do país comprometeram-se também a ceder ao IILP dois terrenos de 5.000 metros quadrados, em Bata e Malabo (capital) e a financiar a construção de centros culturais de língua portuguesa.

“Teríamos um instrumento importante para que todos os países-membros da CPLP possam dar o seu aporte, estar representados, trazer as suas actividades culturais e linguísticas. É um ponto de animação importante para a oficialização do português na Guiné Equatorial”, acrescentou.

O IILP também realizou um levantamento sociolinguístico na ilha equato-guineense de Annobón, totalmente financiado pelo governo daquele país, “onde se fala um crioulo do português, o Fá d’Ambô”.

“Mostra que a Guiné Equatorial participa dos países crioulófonos do Atlântico, como São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Guiné-Bissau” – todos membros da CPLP -, referiu, e acrescentou que este crioulo é hoje falado em todo o país, devido às migrações internas, existindo mesmo cursos de Fá d’Ambô na capital.

Gilvan Müller de Oliveira mencionou que a Guiné Equatorial “tem uma experiência consolidada de como introduzir uma língua nova”, já que o fez com o francês na altura de adesão à moeda — franco CFA -, em que também “trabalharam com professores e com a introdução da língua através do francês”.

A Guiné Equatorial é assim o único país do Mundo com tem como línguas oficiais “as três grandes línguas românicas, o que lhe abre uma relação com 33 países falantes de francês, com 21 países que falam o espanhol e com oito países de língua portuguesa”.

Lusa/SOL