Em Santa Maria do Bouro, no lugar do Terreiro, debruçado sobre o Vale do Cávado, ergue-se sobre ampla escadaria, à margem da estrada, uma imponente igreja com duas torres sineiras; perpendicular a esta estende-se, austera, a massa grandiosa de um longo edifício monástico, formando o tal terreiro que dá nome ao lugar.
Os minhotos são conhecidos pelo seu carácter alegre e folgazão. E se o preto é vendido como a cor em que se pinta o país, no encalço da imagem do fado – como apregoava a publicidade de uma conhecida marca de vinho do Porto que, no início deste século, invadiu os outdoors das principais cidades…
Quando era miúdo, um dos momentos marcantes do cíclico tempo infantil era fazer o presépio.
Quem passa pelo Largo Carlos Amarante, no centro histórico de Braga, é normal deparar com pessoas de nariz no ar, paradas, a olhar para a fachada barroca da igreja de Santa Cruz.
Quando vem o frio, não há nada melhor para manter o corpo quente do que uma refeição bem calórica! É assim que, chegando Outubro, os restaurantes em Braga – e um pouco por todo o Baixo Minho – passam a apresentar ao domingo, em grande destaque nas suas ementas, as afamadas papas de sarrabulho acompanhadas…
A lembrança mais recuada que tenho do centro histórico de Guimarães remonta aos anos 80 do século passado, ainda na primeira fase da recuperação pela Câmara Municipal, apontada como uma intervenção urbana exemplar (que viria a ser internacionalmente reconhecida e compensada com a sua classificação como Património da Humanidade em 2001).
Dom Diogo de Sousa foi um arcebispo renascentista que quis transformar Braga numa espécie de Roma, imprimindo-lhe uma dinâmica renovadora e expansionista – que instituiu como pontos de referência urbana as praças e os campos.
Quando era miúdo e as férias de Verão se chamavam ‘férias grandes’, com os seus três maravilhosos meses de aventuras e brincadeiras, o mês de Agosto era reservado à praia e a Vila Praia de Âncora. Era também aí que a família se reunia, com os meus avós a chegarem de Lisboa no velho comboio…
Sempre me intrigou quando o meu avô se saía com a expressão «ficaste a ver Braga por um canudo» ou «ficou a ver Braga por um canudo» ao querer referir-se a uma acção encetada que por pouco não atingira os seus objectivos, numa espécie de equivalente ao popular «morrer na praia».
Quando passo ou vou a Caminha invade-me sempre uma mesma sensação de descoberta e de espanto face a tão enorme beleza. E nada importa o facto de o cenário da vila me ser familiar ou de os meus passos a terem já cruzado centenas de vezes: é sempre um alvoroço quando surge o vasto espelho…
Quando em 1140 D. Afonso Henriques deu o couto da vila medieval de Menendi aos monges beneditinos do Mosteiro de Tibães, não imaginava que estava a abrir caminho para uma das mais geniais invenções humanas.
Quando disse ao meu pai que arranjara um castro laboreiro, ele arregalou muito os olhos e, do alto dos seus 85 anos, disse-me: «Cuidado! Olha que é cão muito perigoso, que não conhece dono…».
Há um prato da culinária bracarense que, de tão copiado e reinterpretado nas mais diversas regiões portuguesas, hoje poucos imputam à cozinha local.
Ponte de Lima é um recanto peculiar: a sua recusa em ascender a cidade permite-lhe agora o indisfarçável orgulho de se apresentar como a vila mais antiga de Portugal, com foral a remontar a 1125, ainda sob a designação de Terra da Ponte.
Para quem visita Guimarães pela primeira vez, a imagem que logo enche os olhos é o robusto palácio de três pisos que, sobranceiro ao amuralhado burgo medieval da cidade, ergue as suas altas chaminés em tijolo a meio da encosta da colina do castelo, o Monte Latito.