Bem-vindo à ‘nova normalidade’! Quer ir dar um mergulho no mar? Não há problema! Basta tirar a senha e esperar pela sua vez! Se preferir, fazer um piquenique no parque ou no jardim do bairro, não há nada mais simples! Coma, beba, converse e vigie as crianças de pé porque os bancos são apenas decorativos…
Estas proezas justificam os novos tarifários e nem os franceses, que são peritos em queixar-se, ousam resmungar. Eles são cordon bleu, especialistas em bricolage, canalizadores improvisados, mecânicos por necessidade, mas cabeleireiros é que não!
O meu amor pelo país continua de boa saúde. Já a Espanha… Está doente e chora as mais de 27.000 vítimas da covid-19. Fechou-se em casa tarde e a más horas, segundo alguns. O que falhou? Onde é que erraram? Teorias não faltam, mas as certezas escasseiam. E agora de nada vale culpar Pedro Sánchez…
A situação que vivemos é única. A realidade superou a ficção. E tudo muda, da noite para o dia. Literalmente. O ‘normal’ passou a ser aberrante e o impensável passou a ser ‘normal’. E isto também se aplica à trilogia dos temas a evitar numa conversa.
Apesar da incerteza, considero que somos uns privilegiados. Não temos reuniões de equipa às 09h00, não estamos todo o dia em frente ao computador e podemos desfrutar da família a tempo inteiro. Os nossos filhos têm sorte por estarmos sempre disponíveis.
Os dois médicos consultados são da opinião que foi a covid-19 que nos provocou febre, tosse constante, perda do paladar, cansaço e dificuldade em respirar. Nunca saberemos porque não realizámos os testes. Não éramos prioritários. A visita do coronavirus ou do seu irmão-gémeo foi longa e dolorosa, sobretudo para os asmáticos cá de casa.
por Filipa Moreira da Cruz Saí de Portugal há 20 anos e já vivi em vários países europeus. Desde 2018 a minha casa é Saint-Malo, em França. Estar longe da família e comunicar através de Skype, WhatsApp e Facetime faz parte do meu quotidiano. Bendita era digital! É o preço a pagar por ter…