Jaime Nogueira Pinto

Albatroz, sobre a baía de Cascais, chegam as notícias de fim-de-semana: a gadanha da crise financeira a cortar a Espanha, a gadanha da guerra civil e da morte, sobre a Síria.

Basta olhar as ‘primaveras árabes’ nos diversos países do Magrebe e África do Norte para compreender os riscos de análise e interpretação gerados por falsos clichés que por superficialidade e ignorância fazem a amálgama de realidades diferentes.

Chamavam-lhe a ‘última guerra romântica’, talvez pensando nesses voluntários que vieram, da Europa e das Américas, lutar pelas suas convicções em terra espanhola.

Em Skhirat, mesmo em cima do mar Atlântico que os nossos antepassados abriram vai para seis séculos, discute-se em círculo de identidade e amizade antigas o mundo islâmico, a África a norte do Equador e um bocado do resto do Globo.

O euro carrossel continua. Nesta terça-feira dou mais uma olhada aos ecrãs televisivos do Bloomberg e da CNBC, que dão o estado de saúde de suas majestades os mercados e vejo no Financial Times um grande título a cinco colunas de largura – «EU plan to rewrite budgets»’.

Domingo à noite, enquanto aguardava o episódio do Spartacus que, com o Game of Thrones, faz parte das minhas devoções, fui ‘zapando’ entre notícias de eleições.

A decadência que atinge toda a Europa, especialmente os países da eurolândia, aparece como crise financeira e económica, de quebra de produção, de desindustrialização, de endividamento progressivo dos Estados, das empresas, das famílias e das pessoas.

Foi há 20 anos que Francis Fukuyama publicou o ensaio sobre a natureza e destino da História contemporânea – O Fim da História e o Último Homem. Este ensaio fora inicialmente um artigo em The National Interest, em 1989.

A Guerra Fria garantia uma ordem bipolar em que todos os Estados acabavam por estar alinhados com uma ou outra das potências. Mesmo os não alinhados. Esta ordem tinha inconvenientes conhecidos, mas também tinha vantagens.

Oswald Spengler (1880-1936), é um autor que hoje ninguém lê, ou admite ler, já que é difícil encontrar alguém mais nos antípodas do que é a correcção ética, política e civilizacional dominantes, o pensamento único ao qual são admitidas variantes mas não alternativas.

Há precisamente cinco semanas os militares da Guiné-Bissau, influenciados por Kumba Yalá e pelos candidatos derrotados na primeira volta da eleição presidencial, interromperam o processo eleitoral em curso, prenderam o Presidente interino e o primeiro-ministro Carlos Gomes Jr. e tomaram o poder.

Vamos ver os números: François Hollande teve no domingo 18 milhões de votos e Nicolas Sarkozy cerca de 17 milhões. Ficaram separados por 1.160.000 votos, num universo de 43 milhões de eleitores.

Sexta-feira a meio da tarde recebi um SMS a dizer que Raimundo Pereira e Carlos Gomes Jr. estavam a partir do Aeroporto de Bissau em direcção a Abidjan num avião da CEDAO.

Aeleição presidencial francesa trouxe algumas novidades. A mais interessante e importante é a subida da direita nacionalista representada por Marine Le Pen, líder da Frente Nacional.

A Guiné-Bissau conheceu nova degradação com o golpe militar de 12 de Abril. Em manifesta ruptura com a vontade popular, com a legalidade constitucional, com os compromissos assumidos e com os interesses do país e da população, o CEMGFA, António Indjai, prendeu o primeiro-Ministro e o Presidente da República interino, e, sob a fachada de…

Mais uma vez a Guiné-Bissau correu o risco de um golpe. Alguns dos políticos vencidos na primeira volta das eleições presidenciais tentaram influenciar os militares no sentido de uma intervenção armada.

Duas eleições, uma a 22 deste mês, outra a 4 de Novembro, ilustram uma questão muito importante para a definição do futuro da direita.

Vai ser hoje votada pela Assembleia da República a proposta de eliminação de feriados, decidida pelas preclaras mentes governativas em nome de altíssimos imperativos de produtividade.

Em conversa com um amigo americano e um amigo angolano trocámos impressões sobre o andar dos respectivos países: eu pergunto-lhes pelas eleições e pela estabilidade, eles perguntam pela continuidade ou fim do euro e da União Europeia.