Com o fim da Guerra Fria e da União Soviética terminou a principal confrontação ideológica da segunda metade do século XX – a que opôs o mundo comunista ao Ocidente liberal democrático. A partir dos anos 90, os sistemas políticos proclamaram-se democráticos e pluralistas e os sistemas económicos passaram a ser capitalistas.
Que país elegeu Merkel? Timothy Garton Ash publicou, em Agosto na New York Review of Books, um interessante artigo sobre a Alemanha numa linha desdramatizadora e desconstrutora das imagens mais radicais. Em ‘The New German Question’, Ash cita entre outras, duas frases sobre os dilemas da Alemanha – “Too big for Europe, too small for…
Bruscamente, quando no crescendo animado pelas cadeias internacionais de TV, esperávamos o ataque ao ‘reino do Mal’ de Bashar al-Assad, eis que tudo pára numa cena de dramatismo teatral: Kerry e Lavrov aparecem, em Genebra, lado a lado, com uma proposta de saída da crise – a entrega pelos sírios das armas químicas.
O monopólio da bondade (jornal Público de 29 de Agosto) é o título da crónica de João Miguel Tavares sobre a permanência entre nós do espírito de guerra civil, apesar dos 40 anos de democracia.
Os recentes acontecimentos no Egipto vieram confirmar a ilusão e fracasso da ‘Primavera Árabe’ como sinónimo de modernização e viragem democrática.
A situação no Egipto evoluiu para uma daquelas encruzilhadas que embaraçam as boas almas liberais e as instituições simpáticas e cooperativas. Como uma narrativa pícara de Boccaccio ou Maquiavel, um conto perverso de Gógol ou Púchkin, até uma daquelas ficções curtas de Borges ou Bradbury, quando bruscamente percebemos que o bem e o mal ficaram…
Churchill and Empire: Portrait of an Imperialist (ed. Weidenfeld & Nicolson, Londres) é o mais recente livro de Lawrence James, um historiador reputado do Império Britânico.
É comum referir e criticar a arrogância alemã e sublinhar os vícios e perigos de uma Alemanha unida e poderosa que hoje manipularia as instituições e regras europeias para dominar os povos seus devedores e tributários.
Esta crise doméstica do princípio do Verão é a prova provada de que o bem público e o sentido de Estado estão ausentes como valor e como critério de actuação dos políticos portugueses.
Os Estados Unidos têm estado pouco presentes em África desde o fim da Guerra Fria, quando a disputavam aos soviéticos. Mas duas razões de fundo estão a trazê-los de volta. Uma é geopolítica, a outra securitária.
As vitórias dos Estados Unidos nos conflitos mundiais do último século – na Grande Guerra de 1914-18, na Guerra Mundial de 1939-45 e na Guerra Fria de 1947-91, foram decisivas para a globalização do modelo político-social norte-americano.
Nos finais de Maio, a União Africana celebrou em Adis Abeba os 50 anos, cumulando o tempo (desde 2002) em que sucedeu à Organização da Unidade Africana.
A crise da Síria desafia bipolaridades e linearidades, fervores ideológicos e propósitos maniqueístas e é um laboratório e um curso de política e teoria política a partir da prática, da realidade definida a partir da aliança contra o inimigo.
Os tempos modernos têm os seus mártires. A maioria destes mártires – alguns milhões – morreu no universo comunista e noutros espaços concentracionários; outros, como milhares de sacerdotes e leigos católicos na Espanha da Frente Popular; outros morrem ainda hoje, na África ou Médio Oriente, onde o radicalismo paranóico faz deles vítimas.
Esta quinta versão em filme do Great Gatsby levantou alguma indignação dos puristas e devotos do livro de Scott Fitzgerald. Um livro que é um romance magistral e que estou a ler pela quarta vez.
No início do The Great Gatsby, Tom Buchanan (o milionário que casou com Daisy, a paixão de Gatsby), refere alarmado a leitura de um livro de um tal Godard que profetiza a decadência da raça branca e a ascensão dos povos de cor.
Desde o início do levantamento anti-Assad na Síria, que os Estados Unidos seguiram uma política destinada a enfraquecer gradual mas sistematicamente o regime de Assad. A intervenção directa, pedida por alguns aliados e por muitas vozes nos Estados Unidos, foi posta de lado com medo da resposta da Rússia e até do Irão e da…
Os partidos nacionalistas populares ou nacionais populistas têm-se formado na Europa em volta de temas que têm a ver com a preocupação identitária e que se desdobram no euroceptismo, no controlo da imigração, na preferência nacional em direitos e em legislação económica e numa denúncia do ‘establishment’, da classe política tradicional conservadora e esquerdista e…