«Quando os media nos bombardeiam com as ‘crises humanitárias’ que parecem surgir constantemente mundo fora, deveríamos ter sempre presente que uma crise concreta só irrompe na visibilidade dos media enquanto resultado de uma conjunção complexa de factores» in Zizék, Slavoj, Violência, Relógio d’Água editores, Lisboa, Junho de 2009
Hoje decidi tratar aqui de um dos maiores flagelos para os adolescentes. De um flagelo maior que o acne quístico, que o primeiro buço nos rapazes, que a primeira menstruação nas raparigas e até mesmo maior que a mudança de voz.
Hoje falo-vos de um adjectivo que detesto profundamente e que ouvi há bem pouco tempo, aquando de mais uma polémica cor-de-rosa que o público desvaloriza por tratar de questões da categoria dos pesos leves, mas que vejo sempre do ponto de vista sociológico, mais que não seja pela proximidade etária, e depois adentro-me.
São a espécie mais temida de todas as que povoam o delicado ecossistema familiar. Agentes externas essenciais para o equilíbrio desse ecossistema frágil, as empregadas domésticas são uma espécie de abelhinhas, não fosse a sua acção crucial para a manutenção da ordem vigente. Levam e trazem, quais pólens, a informação que obtêm acerca das flores…
Há coisas, tipo espinhas, que ficam atravessadas na garganta e que um tipo, por mais que queira, não consegue engolir. Mas quando não consegue cuspir, às vezes não tem outro remédio senão engolir, e depois fica ali tudo arranhado e isso causa uma sensação desagradável que nem com litros de chá de gengibre lá vai.
Todos já vimos pelo menos um. É um pau desdobrável que esticado fica comprido e na ponta tem uma espécie de gancho ajustável capaz de segurar um smartphone; mesmo aqueles que parecem um tablet, porque o pau de selfie é inclusivo. Na sua máxima extensão mede cerca de um metro. Liga-se a qualquer smartphone com…
Venho de uma aldeia alentejana que, como tantas outras, triplica a sua população no mês de Agosto, especialmente por alturas daquelas festas de Verão que já toda a alta cultura tentou explorar. E que contam com o churrasco, o baile permanente com uma atracção principal de peso do universo pimba, a quermesse que já teve…
Para que a reality TV seja verdadeiramente interessante e viciante, há um nível mínimo de decadência que tem de ser mantido para que o espectador não perca a vontade de consumir o objecto ‘real’.
Sempre achei redutor quando se diz que fulano tal é o qualquer-coisa português, género ‘o José Alberto Reis é o Julio Iglesias português’. Sempre achei redutor e muito feio, reflexo de um complexo qualquer que exclui à partida a capacidade do indivíduo visado ser qualquer coisa por si próprio.
Quem não se lembra do vídeo da aula de francês mais famosa do país, no Carolina Michaelis, no Porto, em que uma aluna chocalha violentamente a professora para que esta lhe dê o telemóvel de volta, decorria o ano de 2008? Quem não leu a notícia de que o actor Diogo Infante terá interrompido um…
Quem trabalha a recibos verdes e nunca teve uma dívida à Segurança Social que atire a primeira pedra. Isto a propósito de humanizar, que também não é para todos.
É noite de Óscares e parecem os anos 90, isto se os anos 90 se relacionassem com a internet como nos relacionamos hoje. Fez-me lembrar a altura em que ficávamos acordados até tarde para ver a emissão e só íamos para a cama sabendo os resultados dos filmes que tínhamos ido religiosamente ver ao cinema.…
Yanis Varoufakis é o responsável pelo súbito interesse do mulherio na situação política e económica grega. O recém-eleito ministro das Finanças grego, quais Beatles nos anos 70, faz desmaiar a mais incauta eleitora, a mais inocente cidadã. Raras vezes se têm visto galãs destes na política.
Começo por declarar que não sou fã de Madonna. Creio que é geracional e que se prende muito com o facto da pop de Madonna ter sido sempre muito provocante e de ter estado muito distante das preferências dos que me rodeavam enquanto cresci. Depois na altura em que comecei a gostar de outras coisas…
«Todos nós que andamos na rua, sentimos que há mais confiança, sentimos que as pessoas estão mais leves, sentimos que há mais consumo, sentimos que há mais carros na estrada», Maria Luís Albuquerque, in SOL online, edição de 29/01/2015.
Foi celebrado ainda em vida como um dos últimos grandes heróis do nosso tempo, alheado de egoísmos, materialismos e mundanidades. Foi proclamado o derradeiro asceta pós-moderno e pós-contemporâneo. Consta que terá sido o único orador a quem o Power Point nunca lhe falhou. O último dos moicanos, mas na tecnologia. Teve direito a biopic e…
Seria impossível passar ao lado deste tema, que está na ordem do nó que trago no estômago desde que sucedeu: o massacre na redacção do jornal Charlie Hebdo, em Paris, na passada quarta-feira, 7 de Janeiro de 2015.
Parece que as cegonhas que fazem o trajecto Paris-Lisboa estiveram atarefadas no último trimestre do ano que passou. Contra todo o tipo de adversidades ao nível do tráfego aéreo português, noticia-se já em 2015 que em 2014 houve mais entregas – perdão! nascimentos – que em 2013. Não terá sido, certamente, pelas excelentes condições de…