Hoje não me será possível escrever. Escrever o que se espera de mim, respeitar um espaço que é este e não outro, mas o que fazer? O que fazer quando nos morre alguém como a Joana, melhor amiga de juventude que me permitiu abrir horizontes e tornar-me o mundo menos estreito, do tamanho dos sonhos…
Passos Coelho é, afinal, social-democrata e nunca foi um liberal.
Quando António Costa ‘tomou’ o poder, critiquei-o asperamente. Não me pareceu que o seu resultado eleitoral lhe permitisse ter a legitimidade política para governar o país. Passos Coelho tinha ganho as eleições, somando os votos não precisou do CDS para garantir mais deputados do que os socialistas. A jogada de Costa era de puro instinto…
Marcelo Rebelo de Sousa ganhou as eleições à primeira volta a falar sobre o seu assunto preferido: ele próprio. Não é uma crítica. Seria penoso se nada tivesse para dizer, se não tivesse graça, cultura e uma vida, mas o novo Presidente da República (que não precisou da tomada de posse para ser já ‘coroado’)…
Não creio que a falta de interesse pelas eleições presidenciais seja o resultado da falta de paciência dos portugueses com a política e os políticos. Talvez até o contrário, revela mais o desinteresse dos políticos pelo cargo de Presidente da República.
A recusa de Nuno Melo ir a jogo é uma excelente notícia para o CDS. Se tivesse concorrido à liderança ganharia com o apoio das principais distritais do partido, mas o partido voltaria a ser o do táxi.
Em tempo de campanha eleitoral para a Presidência da República (a mais triste de que tenho memória), o país atravessa uma crise de que dificilmente se recomporá. Não por causa do endividamento, do défice, das desavenças parlamentares ou da desagregação do sistema financeiro – mal ou bem, existe a esperança de que se encontrem soluções…
A decisão de Paulo Portas tornou inevitável a saída de Passos Coelho da liderança do PSD – se o ex-primeiro-ministro não tomar a iniciativa perderá uma grande parte do capital político conquistado nos últimos anos.
Escrevo em tempo de vésperas, como diria Adriano Moreira. Por isso, não escreverei sobre política partidária, deputados, pactos de regime ou bancos em colapso. Dentro de poucas horas será meia-noite em todas as casas, tempo de balanços, de silêncio (mesmo com o chinfrim da crianças), de memória.
Nós gozamos com os espanhóis que gozam com franceses. Os franceses gozam com os alemães que gozam com os italianos. Os italianos gozam com os gregos que gozam com os turcos que gozam com os sírios. Os sírios gozam com os iranianos que gozam com os iraquianos. Os iraquianos gozam com os americanos que gozam…
A escolha de Tiago Brandão Rodrigues para a pasta da Educação é uma boa surpresa, um ar fresco após a passagem de Nuno Crato que, como a maior parte dos intelectuais, incorreu em dois pecados capitais no exercício de um cargo de poder: foi arrogante na catalogação das suas certezas e desajustadamente agressivo para provar…
A primeira sessão parlamentar do primeiro-ministro António Costa, correu-lhe bem. É o tal ‘não sei bem o quê’ que faz parecer os homens com poder mais altos do que são, como se estivessem num outro patamar a que a maioria dos outros (comuns mortais) não está. Costa que não tem sentido de humor até parecia…
No programa Grandes Portugueses o país elegeu-o como um dos maiores de sempre. Antes de se ‘meter’ na política era consensual, não havia quem dele não gostasse ou quem dele prescindisse. A sua AMI era sempre citada como exemplo. À direita ou à esquerda elogiava-se os seus méritos, prova inequívoca de que os portugueses estavam…
No dia 4 de outubro, os resultados eleitorais confirmaram a generalidade das sondagens: Passos Coelho ganhara as eleições, mas a coligação de direita perdera a maioria absoluta. Os primeiros comentários não deixavam dúvidas, António Costa era o grande derrotado e deveria tirar ilações. Rodeado dos mais íntimos, ouviu o que se foi dizendo e procurou…
Recebeu-me dois dias antes dos bárbaros ataques de Paris, telefonou-me mais tarde a perguntar se não deveríamos falar do assunto, do horror de um mundo que não parece poder apaziguar-se. Disse-lhe que não, a conversa foi o que foi, no tempo que foi. Esta é uma entrevista única com Jorge Jardim Gonçalves. Não é um…
A casa de Jardim Gonçalves não é a casa de Jorge. Porque apesar de um ser o outro, a casa de Jorge é a da sua infância, um lugar que funcionava também como escola primária, um dos primeiros colégios privados da Madeira, fundado pela mãe Bernardete. Essa é a casa, o espaço de infância em…
Foi o ‘destino’, mais do que o percurso político, a determinar que Mário Centeno fosse o homem forte e o fator de equilíbrio de António Costa. A palavra destino com aspas, na verdade o professor de Economia doutorado em Harvard tem pouca propensão para questões metafísicas ou transcendentais – ao que se sabe Centeno não…
Cavaco Silva dá jogo, baralha e dá de novo. Parece estar divertido e a fazer render a sua última decisão política. Faz lembrar um miúdo a pedir um barquinho de doces de ovos e a comê-lo com uma colher de café para que não acabe. Um menino que come a sua última guloseima porque sabe…