Em Afonso de Melo podemos constatar que a sua mundividência se reflete esplendidamente no inesgotável, secreto e fascinante mapa mundi que é a sua poesia como também o é a sua prosa, em que algumas das suas crónicas são magníficos poemas em prosa.
Jaguar reflete a ‘época vítrea’ em que vivemos, um tempo em que vemos a poesia ‘rendida à máquina pútrida do marketing’, e incita o leitor a que preste atenção às ‘luzes na noite tétrica’ e ao ‘bombardeado coração do mundo’.
A escrita de Afonso de Melo rompe pela noite fora como uma onda que se alevanta contra a solidão ontológica do cronista e depois se desfaz no areal da sua vida interior fustigada pelos desconcertos do mundo