Toda a gente fala dos benefícios da comunicação clara e transparente. Mas quem a deve praticar, fecha-se em copas, do alto da sua sobranceria escudada pelo manto invisível da ciência. Poupavam-se tantas angústias se houvesse um pouco mais de consciência da importância (e do dever) de prestar contas.
Mais uma vez o Covid, mais uma vez a necessidade de controlar a pandemia e a vacinação. Lamento se vos maço, mas é de inquietações que este espaço se enche e, fruto dos ossos do ofício, esta continuar a ser uma das maiores.
O governo anunciou finalmente com pompa e circunstância que criou esse programa de testagem massiva gratuita. Aplausos. Só que (há sempre um “mas”) ficam de fora: 1) aqueles que foram infetados com Sars-Cov-2, 2) os portadores de Certificado Digital de Vacinação e 3) as crianças com menos de 12 anos. Está, portanto, o governo a…
Como se tivessem ficado fechados numa cápsula do tempo, em Nampula, onde se declarou transmissão comunitária do coronavírus, não se ouve falar em vacinas, nem se contam, nas mercearias e botequins, os mortos ou infetados por Covid-19. Não se usam máscaras, a não ser que se aviste a polícia, nem há espaço para distanciamento social.…
Se o governo oferecesse vales de desconto em produtos culturais, hotelaria e turismo, ou sorteasse semanas de férias cá dentro entre quem se vacinasse, estaria a ajudar os setores cultural e turístico, que tanto precisam, e a contribuir para o bem coletivo maior que é aumentar a taxa de vacinação.
Reina o ditado “faz o que eu digo, não faças o que eu faço” e a incoerência é crescente. Cresce na mesma proporção da desconfiança, da descrença, do desacreditar no rumo de quem nos governa. O desnorte é o que mais assusta e só existe por falta de comunicação. E quando não falta, é má.
E se… o comentador Pedro Adão e Silva, na TSF ou na RTP, fosse convidado a comentar o caso de um militante do PSD que tinha sido nomeado por um governo PSD para um tacho semelhante? E se… o mesmo cenário dado a comentar a Pedro Adão e Silva fosse agora oferecido à análise do…
Embrulhado numa remodelação para a rentrée, onde o foco até vai estar mais nas autárquicas, Costa fará substituições estratégicas de peso, que tentará que passem pelos pingos da chuva.
A DGS está a pensar em recuar no consentimento informado e em não permitir que os portugueses sejam vacinados com qualquer vacina, se assim o desejarem, se não estiverem dentro da idade autorizada. Um passo atrás no nosso direito de escolha e mais uma forma de nos menorizar e chamar de mentecaptos.
Num cenário em que cumprimos o que nos pedem, com sacrifício pessoal, evitamos estar com familiares e amigos, fugimos a reencontros tão desejados, recusamos atividades de que sentimos muita falta, e tomamos todas as precauções no dia-a-dia para nos mantermos em liberdade condicional, não é razoável que nos peçam compreensão se nos voltarem a aprisionar…
“Custasse o que custasse”. Este desiderato, proferido com todas as letras pelo então primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, caiu mal a muita gente. Compreensivelmente. Sobretudo a quem, durante estes anos negros de troika sofreu as consequências de uma austeridade pesada, e assistiu, dia a dia, ao empobrecimento do seu rendimento.
A solidariedade é um ato voluntário. Mas é uma característica muito própria dos portugueses. Talvez o governo tivesse sido mais bem sucedido se tivesse apelado à generosidade dos portugueses para resolver esta situação, em vez de forçar o seu envolvimento. Provavelmente o resultado seria muito parecido, e toda a gente ficava bem na fotografia. Passávamos…
O humor, que é um formato de conteúdo maioritariamente muito bem recebido, precisa de matéria-prima. E a política e os atores políticos, como figuras públicas preponderantes da esfera mediática, são perfeitos protagonistas. Especialmente se não lidarem bem com o facto de serem matéria-prima para o humor.
As mulheres não devem auferir mais do que os homens, nem serem tratadas, em momento algum, com discriminação positiva (que é o que as quotas efetivamente fazem). As mulheres não devem ter vias rápidas de acesso ao poder ou a qualquer tipo de função, decorrentes apenas e só do seu género. Isso será um sinal…
Não acredito que, conscientes das verdadeiras ambições do Chega e do que se compromete fazer num cenário (dantesco) em que chegasse ao poder, um milhão de portugueses pudesse concordar com um retrocesso civilizacional de tal ordem, a que dissimuladamente chamam de conservadorismo liberal.
É urgente mudar esta falta de transparência e apostar numa comunicação clara com a população. Porque de nada valerá fixar metas para atingir a imunidade de grupo se as pessoas continuarem a resistir à vacinação.
No meio de uma pandemia que matava aceleradamente foi considerado prioritário legislar sobre a eutanásia. Correu-se a balizar a morte, a regulá-la e a normalizá-la, quando não se cuida de garantir a qualidade e o acompanhamento devido a quem quer escolher viver.
Os trabalhos decorreram sempre inquinados, enviesados pelo preconceito de quem já tinha retirado as conclusões antes de analisar os processos e de quem queria garantir que saíam imunes alguns, fossem ou não culpados, e responsabilizados outros, tivessem ou não culpa.
Ninguém lutará por nós como sociedade se nós, sociedade, nos mostrarmos confortáveis com o sol ligeiro que, na bonança temporária, nos bate no rosto.