Agendamento de julgamento de Renato Seabra dependente de procuradora

O julgamento de Renato Seabra, acusado do homicídio do colunista Carlos Castro, em Nova Iorque, poderá finalmente arrancar na primeira semana de Junho, mas está dependente da disponibilidade da procuradora encarregue da acusação.

em nova audiência do caso no tribunal de nova iorque, o juiz charles solomon venceu resistências da procuradora maxine rosenthal ao planear para o início de junho o arranque do julgamento, mas a data definitiva apenas será sabida na próxima sessão, a 4 de maio.

«se [os outros casos em mãos] estiverem a impedir [a procuradora], então diga a toda a gente», na próxima sessão, afirmou o juiz.

rosenthal disse «realisticamente» não poder comprometer-se para o início de junho, dado que tem em mãos dois casos de homicídio mais antigos do que o de carlos castro, e que vai precisar de tempo para se preparar para o julgamento.

solomon sublinhou que o caso carlos castro «tem um ano» e pediu aos dois juristas para se «preparem como se o julgamento fosse em junho».

«está tudo pronto para julgamento, esperemos que na primeira semana de junho», afirmou após a sessão o advogado de defesa, david touger.

todos os elementos pedidos pela acusação à defesa já estão na posse de touger, incluindo os testes realizados pelo psiquiatra que concluiu que seabra estava na posse das suas faculdades mentais no momento do crime, contrariando a tese da defesa.

agora, adianta, «é só preparar para julgamento», o que implica «horas e horas de trabalho».

uma das tarefas em mãos, depois das audiências sobre os materiais de prova, será a selecção do júri de 12 pessoas, de entre um lote de 160, por comum acordo entre os dois advogados e o juiz, processo que poderá demorar até 3 dias.

o julgamento deverá durar entre 2 e 3 semanas, um período «longo» para o que é habitual, segundo touger, pelo que se espera que fique concluído ainda em junho.

em anteriores audiências do caso, o juiz solomon tinha apontado abril ou maio como horizonte para arranque do julgamento.

seabra está acusado de homicídio em segundo grau pela procuradoria de nova iorque.

a demora na entrega de elementos e no arranque do julgamento motivou acesas discussões na sala de audiências entre defesa e acusação, levando o juiz a declarar-se «frustrado» com o andamento lento do processo.

o caso remonta a 7 de janeiro de 2011, quando carlos castro, de 65 anos, foi encontrado nu e com sinais de agressões violentas e mutilação nos órgãos genitais no quarto de hotel que partilhara com renato seabra em manhattan.

o jovem continua na prisão de rikers island, por decisão do departamento penal de nova iorque, medicado e sujeito a vigilância médica.

na última sessão, o advogado de defesa recebeu da procuradora um disco externo com horas de imagens de seabra e castro, em vários pontos do hotel onde ficaram – lobby, elevador, recepção e até no restaurante.

também nas mãos da defesa estão já os testes de adn do quarto de hotel, que vão servir para determinar a quem pertencem amostras de sangue recolhidas no local do crime.

a defesa sustenta que o jovem deve ser considerado «não culpado por razões de doença ou distúrbio mental» e mostra-se confiante que esta tese vai prevalecer perante um júri, quando o julgamento arrancar, escudando-se em relatórios psiquiátricos.

«a nossa defesa vai ser que não sabia o que fazia. que não tinha capacidade mental para saber que o que estava a fazer era errado», afirma touger, que aposta numa absolvição e numa posterior audiência sobre se seabra está em condições de ser libertado.

mas uma avaliação psiquiátrica de renato seabra entregue pela procuradoria na sessão anterior rejeita que problemas mentais do jovem português estejam na origem do homicídio de carlos castro.

contrariando a tese da defesa do jovem acusado de homicídio em segundo grau, o relatório, de 22 páginas, determina que seabra «tinha a capacidade mental para perceber a natureza e consequências dos seus actos e de saber que os seus actos eram errados».

lusa/sol