Avós da criança deixada sozinha em casa ouvidas pela juíza

“Vou fazer tudo para ficar com o Leo, porque até aos dois aninhos ele viveu sempre comigo. Ele gosta muito de mim e eu tenho condições para o criar, porque ganho a vida a fazer limpezas”, garante ao SOL Maria Emília Pinto Ribeiro, a avó paterna da criança cuja mãe a deixava constantemente sozinha em…

maria emília e também a avó materna de leonardo césar, alice pinho, vão ser hoje ouvidas pela juíza do tribunal de família e menores do porto, que irá decidir se o menino fica com algum elemento da família ou se continua institucionalizado e a cargo da segurança social, onde se encontra desde que foi resgatado pela psp no último sábado, depois de uma vizinha ter dado o alerta às autoridades.

ontem, a magistrada ouviu os pais da criança, marta pinho, de 20 anos, e antónio ribeiro, de 24, que estão separados desde setembro. os dois, segundo o sol apurou, tentam agora obter a custódia da criança, que completa quatro anos no dia 30 de janeiro. o pai alega que desconhecia que o filho era deixado sozinho em casa e, apesar de estar sem emprego fixo, diz ter meios de sustentar leandro. “o meu filho antónio [pai do menino], apesar de desempregado, faz biscates de electricidade”, diz maria emília.

já marta césar pinho, que engravidou aos 16 anos, poderá ficar, pelo menos por algum tempo, sem a tutela do filho, já que alguns vizinhos, referenciados na participação policial, deram conta de sucessivas situações em que ouviam o desespero da criança durante horas a fio a chorar e a gritar pela mãe, a única familiar com quem leonardo residia no apartamento. o pai saiu de casa em setembro, tendo regressado a casa dos seus pais, situada a dezenas de metros do local onde vive a ex-mulher e o filho, na rua maurício esteves pereira pinto, no porto.

o caso, divulgado no domingo pela edição digital do sol, chocou o país, até porque a criança era abandonada com frequência durante horas a fio, especialmente durante a noite, segundo confirmou o sol junto de vários vizinhos de marta pinho, na praça da corujeira, em campanhã, no porto.

antes de se separar, a mãe de leonardo já tinha por hábito sair à noite, mas, nessa altura, deixava o filho com o companheiro ou com a avó paterna, que costumava ficar lá em casa. após a separação, e já sem o apoio do ex-companheiro e da sogra, marta manteve as mesmas rotinas, deixando a criança sozinha em casa.

em plena noite de natal, os vizinhos desconfiaram de que algo estava mal, porque a criança não parava de chorar e uma vez que a situação se manteve nos dias seguintes, decidiram chamar a polícia.

foi assim que, no sábado, o menor foi resgatado por agentes da 4.ª esquadra da psp, da zona da corujeira, tendo sido necessário chamar os bombeiros sapadores para se conseguir retirar a criança de casa. através de uma varanda do quarto andar do edifício, entraram no apartamento e salvaram leonardo, que estava completamente sozinho.

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