Bessa: ‘FMI não seria assim tão mau’

O diretor da Cotec Portugal, Daniel Bessa, afirmou hoje que a vinda do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Portugal apesar de «não ser a melhor solução» para a situação financeira de país, «seguramente não é tão má quanto fazem entender»

o ex-ministro da economia de antónio guterres falava no funchal à margem de um curso promovido pela associação de comércio e industria da capital madeirense (acif) subordinado ao tema «boas práticas de gestão de inovação».

«o fmi só vem quando o chamam. é gente bem educada», disse daniel bessa.

sustentou que «o que está em causa é um problema de credibilidade, de imagem, de prestígio, nomeadamente das autoridades nacionais, do governo e, desse ponto de vista, a vinda de uma entidade como o fundo, se tiver que ser chamada, não é positiva, mas de resto criam-se fantasmas».

referiu que está ultrapassada a «barreira dos 7 por cento» nos juros da dívida pública, apontando que a irlanda «está acima desse valor há muitas semanas e não é por isso que o fmi chegou lá».

recordou que o fundo monetário internacional «já esteve duas vezes em portugal e ninguém morreu», acrescentando que o fmi «só chegará a portugal se alguém concluir que não é capaz de resolver o problema e precisa de ajuda», uma decisão que «cabe ao governo».

daniel bessa considerou também que a proposta de orçamento do estado para 2011 «é para resolver problemas de tesouraria do estado, para que daqui a 3 meses consiga pagar salários».

o antigo governante mencionou que «no tempo do escudo pagar salários e comprar o que quer que seja era relativamente fácil, porque ia-se ao banco de portugal fazer notas, o estado comprava e pagava, mas hoje o estado não tem uma máquina de fazer euros», argumentou.

daniel bessa refere que «só há duas maneiras de ter euros: é vender lá para fora ou ter quem nos empreste», pelo que o oe serve apenas para «vencer problemas de curto prazo, de tesouraria e não tem espaço para tratar de outras questões a prazos mais importantes e longos».

sobre os juros da dívida pública, sublinha que «se olharmos para o que se passou em portugal nos últimos 10 anos, o volume de juros que está a pagar cresceu mais que o pib, pelo que os portugueses todos juntos têm menos dinheiro que tinham há 10 anos e de cada vez que a taxa de juro sobe esta questão torna-se mais difícil».

a cotec portugual é uma associação empresarial para a inovação, sem fins lucrativos que conta com mais de 120 associados e tem como missão «promover o aumento da competitividade das empresas localizadas em portugal, através do desenvolvimento e difusão de uma cultura e de uma prática de inovação, bem como do conhecimento residente no país».

lusa / sol