Blaya, aqui para vocês

É mais conhecida como a bailarina sensual dos Buraka Som Sistema, mas a partir deste mês Blaya vai começar a dar cartas em nome próprio. Superfresh é o seu disco de estreia e já tem apresentação ao vivo marcada para o último dia do festival Optimus Alive.

em concerto, os seus movimentos frenéticos e ininterruptos não deixam ninguém indiferente, seja homem ou mulher. os seus passos de dança, marcados por uma energia e sensualidade contagiantes, conquistam a plateia. blaya é a única presença feminina em palco nos espectáculos dos buraka som sistema e faz-se notar pelas roupas reduzidas, que deixam muito corpo à vista. esse à-vontade em palco estende-se para a vida pessoal e basta consultar a sua página de facebook ou instagram para perceber que a artista não assume nenhum alter ego musical para chamar a atenção. tal como a voz, o corpo é mais um instrumento de trabalho e foi através dele, aliás, que chegou à música.

quando tinha 16 anos, blaya apaixonou-se por um rapper e começou a interessar-se cada vez mais por hip hop. influenciada pelo namorado, aventurou-se na gravação de um ep caseiro com esse registo musical e começou a frequentar cursos de dança. aos poucos, a paixão pela dança foi crescendo e, naturalmente, abafando aquela primeira experiência como cantora. «danço desde pequenina e na escola participava, inclusive, em campeonatos de aeróbica. mas com a idade fui querendo saber mais e comecei a especializar-me em hip hop», conta a artista dos buraka.

à medida que aperfeiçoava os dotes como bailarina, blaya começou a aprofundar igualmente conhecimentos na área e acabou por ser convidada para integrar a coca-cola zero tour, que promovia espectáculos de dança pelo país inteiro. «foi nessa altura que comecei a dançar profissionalmente».

uns anos mais tarde, quando fazia parte do elenco da peça high school musical, soube que os buraka som sistema estavam à procura de bailarinas e resolveu concorrer ao casting. «mandaram-me as músicas para coreografar, mas eu não sabia dançar kuduro. então comecei a ver vídeos na internet e, no dia do casting, inventei imensos passos. acabei por ser escolhida», conta blaya sobre a sua entrada para a banda.

um ano depois de trabalhar com a formação, pediu para cantar uma música e lil’john, riot, conductor e kalaf acabaram por lhe dar esse voto de confiança no tema ‘aqui para vocês’ (em disco gravado pela brasileira deize tigrona, mas que ao vivo passou a ser cantado por blaya). mas se dançar sempre foi algo quase intrínseco, cantar já não foi tão natural. «ficava sempre rouca no final dos concertos. ao vivo, a energia é tanta que esquecia-me da voz… no dia seguinte acordava e não tinha voz», lembra, revelando que chegou a levar injecções de cortisona para recuperar a voz em dia de novo concerto.

hoje, um ano depois de ter sido operada às cordas vocais e após ter frequentado aulas de canto e terapia da fala, blaya já percebeu até onde consegue projectar a sua voz e a forma adequada de respirar em palco. conquistada esta maturidade, novos desafios se impuseram. «comecei a sentir este desejo de lançar um disco a solo há dois anos», diz sobre superfresh, o seu álbum de estreia a ser editado pela optimus discos no início de julho, referindo que o timing do lançamento é perfeito. «este ano os buraka têm estado mais parados e estamos todos concentrados nos nossos projectos individuais».

blaya descreve superfresh como um disco «luminoso, alegre, que quer passar a mensagem de que todas as pessoas têm algo de especial», que mistura sonoridades como «kuduro, r&b, electrónica e rap». o registo vai estar em destaque no último dia do optimus alive, a 14 de julho, e marcará, igualmente, a estreia de blaya a solo em espectáculos ao vivo. «há algum nervosismo porque nos buraka apoiamo-nos todos muito e ali as atenções vão estar concentradas em mim. mas sei que quando começar a ensaiar esse nervosismo vai passar e tenho a certeza de que vai ser um grande espectáculo», garante. de resto, blaya tem boas recordações do festival, onde actuou com os bss. «a actuação do ano passado foi memorável».

alexandra.ho@sol.pt