Bolieiro afasta crise nos Açores

O presidente do Governo Regional dos Açores está ‘confiante’ que o acordo com o CDS-PP e o PPM, que prevê uma aliança eleitoral nas próximas eleições regionais, vai ser cumprido.

O presidente do Governo Regional dos Açores negou ao Nascer do SOL que haja uma crise interna no seu executivo, na sequência de a Iniciativa Liberal e o deputado independente Carlos Furtado (ex-Chega) terem rompido com o acordo de incidência parlamentar com o PSD, ameaçando a estabilidade política na região.

No centro da desagregação da ‘geringonça’ de direita nos Açores terá estado o pedido de demissão do secretário regional da Saúde, Clélio Meneses, que invocou «razões exclusivamente políticas, assentes em divergências insanáveis e inultrapassáveis, evidenciadas em sucessivas ingerências no exercício do cargo […], dificultando, quando não impedindo, o cumprimento da complexa missão de gerir o setor». Clélio Meneses, que integrou as listas do PSD nas legislativas de 2020, terá entrado em conflito com o vice-presidente do Governo regional, o centrista Artur Lima, a propósito de nomeações para as direções dos hospitais à revelia do secretário regional da Saúde. Na véspera da demissão de Meneses, a anterior presidente do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), Cristina Fraga, tinha sido nomeada para a Estrutura de Missão para o Acompanhamento do Financiamento da Saúde (EMAFIS). 

O deputado único da IL,Nuno Barata, entendeu que a saída do secretário regional da Saúde fragilizava o Executivo e, cavalgando nessa onda, aproveitou o momento para se demarcar do Governo, rompendo o acordo com o PSD.
A dar gás à polémica, antigos dirigentes sociais-democratas também vieram criticar o que consideram tratar-se de um excesso de poder do CDS no Governo de coligação que junta ainda o PPM. 

Mas, tudo ponderado, José Manuel Bolieiro garante que «não há qualquer crise no Governo Regional dos Açores». «Há um projeto de governação que tem mudado o paradigma da região. Há uma liderança, uma coligação, unidade e convicção de um caminho. Clélio Meneses tomou a sua decisão, respeitei-a, e para secretária regional da Saúde convidei Mónica Seidi, médica de profissão, reconhecida pelos seus pares e que era já minha vice-presidente no PSD/Açores. Creio que estará dada a resposta sobre a força e presença do PSD no Governo», acrescenta em declarações ao Nascer do SOL.

Convicto de que o seu Governo  chegará até à discussão do próximo orçamento da região, que deverá acontecer em novembro, está empenhado em «trabalhar verdadeiramente para a estabilidade da legislatura». «Sou e serei sempre um referencial de estabilidade nos Açores e para os açorianos. Jamais juntarei crises artificiais aos vários desafios reais e bem presentes que temos pela frente», assegurou o presidente do Executivo açoriano. 

Questionado sobre o acordo de governação entre o PSD, CDS-PP e PPM, que prevê uma aliança eleitoral nas próximas regionais, diz estar «plenamente confiante» que vai ser cumprido.

«O que pretendemos é que a coligação reforce e consolide todo o projeto de governação. Os benefícios que prosseguimos são para os Açores e a resposta eleitoral é sempre dada nas urnas, no próximo ato eleitoral para a região, designadamente. Os últimos tempos políticos reforçaram o que tem sido a prática de negociações parlamentares para a aprovação de diplomas, com geometria variável de votação, nomeadamente no Plano e Orçamento. Recordo que falta apenas a aprovação do Plano e Orçamento para 2024 nesta legislatura», sublinhou José Manuel Bolieiro.