Bombeiros acusam autarquias de colocarem civis a fazer trabalho de profissionais

As câmaras municipais estão a contratar pessoas comuns para fazer o trabalho dos bombeiros profissionais, o que pode pôr em causa a profissão e o socorro à população, denunciou o presidente da Associação dos Bombeiros Profissionais.

«as câmaras estão a admitir pessoas sem condições, sem recruta, sem estágios para uma profissão tão exigente como a nossa. ou seja, estão a adulterar aquilo que são as regras na carreira da administração públicas», disse fernando curto.

segundo o responsável, as autarquias criaram o cargo de «operacional administrativo» que é ocupado por pessoas contratadas para fazer o trabalho dos bombeiros profissionais, o que classifica de «uma irresponsabilidade muito grande».

«há regras definidas na própria lei para um bombeiro profissional: um ano de estágio composto por seis meses de teoria e seis meses de prática para que tenhamos condições técnicas e operacionais para um bombeiro profissional estar em condições de prestar socorro», explicou.

para fernando curto, esta «estratégia» das câmaras «prejudica o sector e prejudica os seus destinatários que é a população«.

o presidente da associação dos bombeiros profissionais defendeu ainda que o governo não deveria «reduzir as verbas para os bombeiros e a protecção civil», mas que as deveria reorganizar.

opinião idêntica tem o presidente da liga dos bombeiros portugueses, duarte caldeira, para quem é «rigorosamente indispensável reanalisar as afectação de verbas investidas» no sector.

o objectivo dessa racionalização seria «libertar verbas numas áreas para investir noutras que são de todo prioritárias como são as áreas de resposta ao socorro», acrescentou.

para o presidente da liga dos bombeiros portugueses, a «dificuldade a maior é a falta de um regime de financiamento estável que permita programar as políticas de recursos humanos e de equipamentos».

«a nossa primeira preocupação, e que será matéria que iremos apresentar na primeira oportunidade em que tivermos contactos com os próximos responsáveis na área da protecção civil, é a necessidade urgente de definir um quadro de financiamento estável para os bombeiros», sublinhou.

questionado sobre a acusação de fernando curto às câmaras municipais, duarte caldeira disse desconhecer essa matéria mas adiantou que «a verificar-se, é uma ilegalidade na medida em que a formação dos bombeiros está regulada por lei e portanto o período de estágio é um período de formação de bombeiros».

«o que pode acontecer é que seja adoptado o princípio de estágio em contexto de trabalho em que o tempo de prestação de serviço seja eventualmente contado como tempo de estágio», acrescentou.

lusa/sol