Cascata famosa de Tavira ‘devorada’ pelas chamas

Os incêndios que nos últimos dias devastaram algumas zonas da Madeira e do Algarve estão a deixar marcas profundas na paisagem. Em Tavira, ficou destruído o Pego do Inferno, um dos locais mais emblemáticos deste concelho algarvio: a queda de água, que atraía dezenas de turistas todos os anos, ficou praticamente irreconhecível.

segundo adiantou ao sol jorge botelho, presidente da câmara de tavira, a recuperação paisagística do local deverá custar «mais de um milhão de euros». em causa, explica o autarca, está a reabilitação «da estrutura física em madeira, que ardeu completamente», e também «de toda a componente arbórea».

mas os prejuízos não se ficam por aqui. num concelho que perdeu cerca de 20 mil hectares (área ardida), três famílias viram as suas casas completamente destruídas pelas chamas e tiveram de ser realojadas pela câmara. outras sete casas de habitação não permanente ficaram parcialmente danificadas.

o custo global destas recuperações rondará os dez milhões de euros. «um valor ainda por baixo», sublinha o edil, referindo-se à destruição de uma vasta área de floresta do concelho: «foram colmeias, azinheiras, pinheiros, sobreiros e até 30 áreas de caça. umas tiveram perda total, outras perda parcial».

o mais recente balanço da área ardida – que ainda não contabiliza os últimos incêndios no algarve – mostram que este tem sido um ano terrível de fogos. desde janeiro, portugal perdeu quase 37 mil hectares para as chamas. mais 16.264 hectares do que na média da última década.

a autoridade florestal nacional tem registados 25.221 fogos, dos quais 20% correspondem a incêndios florestais. os restantes são fogachos.

400 incêndios na madeira

na madeira, o cenário é também «dantesco», reconhece o líder do governo regional, alberto joão jardim. do funchal à calheta, porto moniz, santa cruz e machico mais de 400 focos de incêndio devoraram até ao início da semana casas, floresta e mato. só no concelho de santa cruz, as chamas fizeram 120 desalojados. as freguesias da camacha e gaula foram as mais atingidas (ver texto nas páginas seguintes).

ainda antes de ser divulgado um balanço financeiro dos prejuízos , o governo regional anunciou que iria processar os bombeiros depois de a corporação ter anunciado que ia colocar o presidente em tribunal devido a uma série de insinuações sobre os incêndios na ilha.