Catástrofe no Japão põe em causa política nuclear de Angela Merkel

A catástrofe nuclear no Japão colocou a política nuclear alemã no centro das atenções da campanha eleitoral para as estaduais em Baden-Wuerttemberg, dentro de duas semanas, onde a chanceler Angela Merkel pode jogar o seu futuro político.

perante o que está a acontecer no japão, um país altamente industrializado que apostou nas centrais atómicas, e luta agora desesperadamente contra uma calamidade de enormes dimensões, a oposição social democrata, ambientalista e esquerdista na alemanha voltou a exigir ao governo de centro direita uma rápida renúncia à energia nuclear.

em outubro, democratas cristãos e liberais reviram o compromisso firmado com a indústria nuclear pelo anterior executivo social democrata e anbientalista, prolongando o prazo de funcionamento das 17 centrais atómicas alemãs por mais 12 anos, em média.

no sábado, mais de 50 mil pessoas protestaram em baden-wuerttemberg contra a política nuclear do governo central, formando uma cadeia humana de mais de 40 quilómetros entre o centro de estugarda, a capital estadual, e a central atómica de neckarwestheim.

ao fim do dia, merkel convocou um gabinete de crise para debater a situação, perante a catástrofe nuclear no japão, anunciando depois que a alemanha vai «analisar as consequências» para a sua própria política de energia atómica.

«depois de um acidente como o que aconteceu num país altamente industrializado, como o japão, na alemanha não podemos passar pura e simplesmente à ordem do dia», admitiu a dirigente conservadora.

já a indústria nuclear não considerou necessário, até agora, tirar ilações da tragédia japonesa, e a rwe, un dos gigantes energéticos alemães, anunciou que manterá as suas centrais atómicas a funcionar até expirarem os prazos previstos.

o ministro do ambiente, norbert roettgen, que negociou os referidos prazos com as energéticas, defendeu agora opinião diferente, afirmando que o que está a acontecer no japão «é uma ruptura, que põe em dúvida a possibilidade de se dominar a tecnologia nuclear».

a oposição e os movimentos ambientalistas anunciaram, entretanto, que vão prosseguir os protestos contra o recurso à energia nuclear, já a partir de segunda feira.

o tema ocupará, decerto, o topo da agenda na campanha eleitoral de baden-wuerttemberg, um dos estados federados mais prósperos da alemanha, onde os democratas-cristãos governam há 57 anos consecutivos.

as últimas sondagens, ainda antes da catástrofe no japão, davam ligeira vantagem ao bloco conservador (democratas cristãos e liberais) sobre a oposição social democrata e ambientalista.

no entanto, segundo vários observadores políticos, os dramáticos acontecimentos em fukushima podem castigar merkel e inverter a tendência de voto a favor da esquerda, nas duas semanas que faltam até 27 de março.

 

sol/lusa