Cidadania? “A maior parte dos pais está-se nas tintas para o que se passa nas escolas”, diz Miguel Sousa Tavares

Miguel Sousa Tavares considerou mesmo a maior parte dos pais não tem interesse sobre o que se passa nas escolas e que, por isso, há temas que devem continuar a ser abordados em meio escolar.

Miguel Sousa Tavares comentou, esta segunda-feira, na TVI, a polémica em torno da disciplina de Educação para a Cidadania e Desenvolvimento.

Na discussão do tema, que contou com a presença do antigo ministro da Educação David Justino, um dos subscritores do manifesto contra a obrigatoriedade destas aulas, Miguel Sousa Tavares considerou mesmo que a maior parte dos pais não tem interesse sobre o que se passa nas escolas e que, por isso, há temas que devem continuar a ser abordados em meio escolar.

"A maior parte dos pais está-se nas tintas para o que se passa nas escolas", disse o comentador, considerando que tal acontece por desinteresse ou falta de tempo.

“Se não for a escola a ensinar as coisas básicas aos alunos, como não cuspir para o chão, que não se pode abusar sexualmente da colega ou do colega, que o racismo é uma doença que tem de ser tratada, (…) eles estão nas mãos dos piratas das redes sociais, que são quem os educa. Porquê ter medo disto?", questionou ainda.

Miguel Sousa Tavares frisou ainda que atualmente a educação sexual, por exemplo, “é uma coisa básica”.

“Nós falamos da educação sexual como se fôssemos um país islâmico ou como se estivéssemos no século XVIII. Meu Deus, hoje em dia, isto é uma coisa básica, é como ensinar a lavar os dentes, é perfeitamente banal. Achar que isto é um atentado ao pudor”, destacou.

Recorde-se que a disciplina, criada no ano letivo 2018/2019, é obrigatória no segundo e terceiro ciclos do ensino básico, sendo abordados temas como a educação para a saúde e a sexualidade, o voluntariado, a igualdade de género ou a segurança rodoviária.

A polémica em torno da disciplina teve origem no caso de dois irmãos de Vila Nova de Famalicão, que chumbaram o ano em que se encontravam (6º e 8º anos) porque, por opção dos pais, não compareceram a nenhuma aula da disciplina. Os pais consideram que os tópicos abordados são da responsabilidade educativa das famílias.

Na semana passada surgiram dois manifestos: um a favor que a disciplina se mantenha obrigatória – assinado por Ana Gomes, Joana Mortágua, Pedro Bacelar de Vasconcelos, Daniel Oliveira, Teresa Pizarro Beleza, por exemplo – e outro para que torne opcional – assinado por personalidades como Cavaco Silva, Pedro Passos Coelho, o cardeal-patriarca de Lisboa Manuel Clemente ou os antigos lideres do CDS, Adriano Moreira e José Ribeiro e Castro.