Coelho, a ‘voz’ dos que pagam contra os que roubam impostos

O deputado regional madeirense José Manuel Coelho, apoiado pelo Partido Nova Democracia (PND), assume-se como a «voz dos escalões mais baixos da sociedade» nas eleições presidenciais, «contra os que roubam impostos», e rejeita o rótulo de «candidato humorístico».

em entrevista à agência lusa, o pintor da construção civil de 58 anos classificou as polémicas dos bancos bpn e bpp, protagonizadas pelo presidente da república e recandidato, cavaco silva, e manuel alegre, apoiado por ps e be, como um «folhetim quase interminável».

«se cavaco silva critica e acha que a sua gestão é danosa e incompetente, por que razão aceita a sua participação na comissão de honra da candidatura? há ali uma deslealdade combinada», afirmou, referindo-se a ex-colaboradores políticos do antigo primeiro-ministro que desempenharam funções de responsabilidade na estrutura do bpn.

sobre a participação de alegre numa acção promocional do bpp, embora ressalvando tratar-se de «uma manobra de diversão», coelho também criticou o «pequeno rabo-de-palha» de um «peso pesado da política portuguesa».

«não tenho negócios com ninguém, sou um humilde operário, não estou comprometido com ninguém. apenas vivia do meu trabalho, de pintar, não tenho nada a esconder», disse, caracterizando-se como «anti-sistema, preocupado com o país, um paraíso para a corrupção, a qual meteu a justiça no bolso».

coelho, com o ensino secundário completo, casado e pai de duas filhas, defendeu o «saneamento da justiça» e o futuro do estado social, mas com um «homem novo, forjado das várias ideologias, que praticamente morreram com a queda do muro de berlim».

«temos de tirar lições históricas do capitalismo, do fascismo, do comunismo. todas essas correntes têm de ser sintetizadas e escolher-se o melhor de cada uma para sair deste labirinto do homem produto da sociedade de consumo, influenciável, inculto, que vê fait-divers e novelas na televisão, uma presa fácil, manipulável pelos grandes senhores do dinheiro», afirmou.

para que uma pessoa possa ser «bem tratada do berço à velhice», como no «norte da europa», coelho advoga «mais impostos àqueles que podem pagar» e a nacionalização de empresas estratégicas.

«isto ou é preto ou é branco. a minha missão é estar do lado dos que pagam impostos para combater aqueles que roubam impostos», continuou, descrevendo a sua base de apoio: «pessoas que deixaram de acreditar nos políticos profissionais, que já descreram da política e já não votam sequer».

o candidato do pnd deseja «uma justiça digna do portugal de abril, que defenda o estado e o contribuinte portugueses» e o fim dos «ordenados faraónicos dos políticos».

«não sou candidato satírico, humorístico. sou um candidato que se propõe ser o grito de revolta. não sou pretensioso a ponto de dizer que quero ganhar a presidência da república. era como chegar ao pé dos meus amigos e dizer ‘sou o napoleão’», disse.

sobre os adversários, coelho, antigo militante do partido comunista português, afirmou que o comunista francisco lopes se limita a «cumprir a tarefa do partido, como um autómato» e considerou o independente fernando nobre um «homem justo e bom, mas com discurso opaco e pouco mobilizador».

para coelho, defensor moura é «uma lebre do ps para fazer o trabalho sujo de alegre», ao passo que o escritor socialista é, segundo o candidato madeirense, «um grande revolucionário que deixou de sonhar», e cavaco silva «um grande político português que falhou».

lusa / sol