Comparação entre Banif e BPN não tem ‘qualquer sentido’

O presidente do conselho de administração do Banif, Luís Amado, disse hoje que o processo de recapitalização em curso do seu banco “é transparente”, e que a comparação com a do Banco Português de Negócios não tem “qualquer sentido”.

em declarações aos jornalistas, à margem de uma conferência em lisboa, o ex-ministro socialista luís amado frisou que “o processo de recapitalização do banif é um processo transparente, que tem vindo a ser negociado ao longo dos últimos meses, não apenas com o governo português, mas com o fundo monetário [internacional], o banco central europeu, a comissão europeia”.

o ministério das finanças anunciou, a 31 de dezembro, a injecção de 1.100 milhões de euros no banif, com vista a recapitalizar o banco, 700 milhões dos quais através da subscrição de acções especiais e 400 milhões em instrumentos de capital híbridos (as chamadas ‘coco’ bonds).

“se tem algum paralelo que deva ser estabelecido é justamente com o caso dos bancos portugueses que já foram recapitalizados também por acesso ao programa de financiamento para recapitalização dos bancos portugueses previsto no programa de ajustamento para a economia portuguesa”, contrapôs o economista, recordando que está prevista “uma dotação de doze mil milhões ainda longe de ser esgotada”.

o banif é a quarta instituição financeira a ser recapitalizada com recurso a fundos públicos em portugal, depois de bcp e bpi – que, tal como acontecerá com o banif, recorreram à linha disponibilizada pela ‘troika’ (comissão europeia, banco central europeu e fundo monetário internacional) para o sector financeiro – e da caixa geral de depósitos (neste caso, através do accionista estado).

o processo em curso no banif, sublinhou luís amado, está “no contexto da recapitalização” de “70 a 80 bancos” da europa, com recurso a fundos públicos.

a operação será concretizada depois da assembleia-geral do banif, marcada para 16 de janeiro, ficando então o estado com 99,2% do total de ações e 98,7% do total de direitos de voto da instituição.

de acordo com o plano de recapitalização do banco, acordado com as autoridades públicas, a administração compromete-se a levar a cabo, até final de junho, um aumento de capital direccionado a accionistas privados em que o objectivo é atingir pelo menos 450 milhões de euros.

se essa meta for cumprida, o estado passa a ficar com 60,6% da instituição e 49,4% em direitos de voto, devolvendo então o controlo do banif a mãos privadas.

lusa/sol