Contenção do défice tem de ser complementada por agenda de crescimento

O Presidente da República de Portugal aproveitou hoje um brinde à Presidente do Brasil para insistir na necessidade de complementar a contenção do défice com uma agenda de crescimento, que considerou ser agora reconhecida pela Europa.

“O mercado brasileiro é estratégico para a internacionalização da economia portuguesa, num tempo em que o crescimento e a criação de emprego devem estar no fulcro das prioridades dos nossos decisores políticos”, declarou Cavaco Silva, no Palácio de Queluz, depois da entrega do Prémio Camões ao escritor moçambicano Mia Couto.

“A batalha pelo desenvolvimento sustentado não se trava apenas no plano da contenção do défice público. Pelo contrário, tem de ser complementada por uma agenda de crescimento orientada para a produção de bens transaccionáveis, como venho sublinhando desde há muito, e a Europa agora reconhece”, acrescentou o chefe de Estado português.

Num discurso de cerca de dez minutos, Cavaco Silva reiterou que “o relacionamento entre o Brasil e Portugal tem um valor estratégico fundamental” e falou das migrações de populações nos dois sentidos.

“Os nossos estudantes, investigadores, artistas, escritores têm o Brasil no seu horizonte. E o mesmo se passa com os estudantes e artistas brasileiros. Temos este ‘fado’ em comum, o ‘traço de união’ de que falava o poeta Miguel Torga. Apercebemo-nos deste espelho fraterno pela constância do movimento pendular, nos dois sentidos, entre os nossos dois países: ora os portugueses rumam ao Brasil, ora os brasileiros chegam a Portugal”, disse.

“Tenho a firme convicção de que a História dos nossos dois países se escreve e escreverá em comum. Por isso, em meu nome e no de minha mulher, peço a todos que se juntem num brinde à saúde e felicidade pessoal da Presidenta Dilma Rousseff, à prosperidade do povo irmão do Brasil e ao futuro das relações entre os nossos dois países”, concluiu.

Antes, o chefe de Estado português assinalou que hoje terminou “o Ano do Brasil em Portugal e de Portugal no Brasil”, que apontou como “um momento alto” das relações bilaterais.

Cavaco Silva congratulou-se com o “lugar proeminente” que o Brasil ocupa no ‘ranking’ das maiores economias mundiais, considerando que “é o resultado de muitos anos de trabalho, de aposta no longo prazo, fruto de profundas reformas económicas e da opção pelo desenvolvimento de políticas sociais que permitiram a milhões de brasileiros melhorar de forma significativa as suas condições de vida”.

A propósito da representação do Brasil em organizações internacionais, declarou: “Foi ainda com regozijo que, em Lisboa, acolhemos a notícia de que um brasileiro será o próximo Director-Geral da Organização Mundial do Comércio, candidatura que contou com o nosso apoio inequívoco desde a primeira hora”.

Lusa/SOL