Detido administrador do Grupo Lena no âmbito da Operação Marquês

O vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo Lena, Joaquim Barroca Rodrigues, foi detido quarta-feira, depois de buscas realizadas à sede do grupo, na Quinta da Sardinha, no concelho de Leiria.

Foi detido no âmbito da 'Operação Marquês', que envolve o ex-primeiro-ministro José Sócrates, e vai ser hoje presente ao juiz Carlos Alexandre.

Nas buscas participaram o procurador Rosário Teixeira e o juiz Carlos Alexandre.

Joaquim Barroca Rodrigues,de 43 anos, é vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo Lena.

Juntamente com António Barroca Rodrigues, presidente do grupo, foram autores de algumas das transferências de parte do dinheiro acumulado nas contas da Suíça por Carlos Santos Silva, arguido suspeito de ser testa de ferro de José Sócrates.

O MP suspeita que esse dinheiro, no total de cerca de 23 milhões de euros, pertencerá a Sócrates e que grande parte resultou do pagamento de ‘luvas’ ao ex-primeiro-ministro, em contrapartida pelo favorecimento daquele grupo empresarial em diversos concursos públicos nos seus governos – nomeadamente as PPP Rodoviárias, as obras da Parque Escolar e o concurso do primeiro troço do TGV.

Entre 2007 e 2010, foram feitas adjudicações ao Grupo Lena superiores a 200 milhões de euros.

Ainda em 2014, José Sócrates foi escutado no processo em conversas telefónicas com o vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, pedindo-lhe que intercedesse pelos negócios do Grupo Lena, invocando serem "seus velhos amigos e a quem deve atenções". 

Quando foi interrogado, o próprio antigo primeiro-ministro admitiu que Joaquim e António Barroca Rodrigues o acompanharam numa deslocação a Nova Iorque para aí se encontrarem com este responsável político de Angola.

O Grupo Lena sempre negou ter participado em esquemas de corrupção com Sócrates.

A detenção foi já confirmada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Em comunicado, o gabinete de Joana Marques Vidal esclarece que foram também realizadas buscas na sede do Grupo Lena, em Leiria, e na casa de Joaquim Barroca Rodrigues. A operação foi conduzida por magistrados do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), coadjuvados por elementos da Autoridade Tributária e da PSP. O gestor do Grupo Lena “será presente, durante a tarde de hoje, ao Tribunal Central de Instrução Criminal, para interrogatório judicial e aplicação de medidas de coacção”, conclui a PGR.