numa mesa, um casal turco – a senhora fuma. noutra mesa, outro casal partilha raki. noutra ainda, três senhoras rigorosas no preceito muçulmano, usam longos véus pretos que lhes cobrem o corpo e uma delas tem mesmo o rosto velado.
a comida estava óptima, mas o que guardarei para sempre desta viagem é uma grande lição de tolerância.
a globalização tem muitas faces. enfatiza-se muito como ela é uma grande uniformizadora. as mesmas coisas podem ser compradas em qualquer grande cidade de qualquer continente, os jovens urbanos vestem da mesma maneira e ouvem as mesmas músicas e, enfim, toda a gente comunica nessa nova língua chamada ‘inglês internacional’.
mas a globalização não consiste só no comércio de bens e serviços. as pessoas viajam, cruzam fronteiras, vivem e trabalham em países donde não são originárias. e as ideias também circulam, incorporadas nessas pessoas ou de modo incorpóreo, desafiando os consensos estabelecidos, abanando as certezas e estabelecendo novos padrões culturais.
como consequência, as nossas vizinhanças e os nossos locais de trabalho tornaram-se mais diversos. o nosso vizinho, ou o nosso colega de trabalho, pode hoje facilmente ser um estrangeiro falando mal a nossa língua, ter uma cor de pele diferente, praticar uma outra religião e ter costumes que nos parecem estranhos ou mesmo bárbaros.
o desafio – que já hoje se coloca, mas que certamente se acentuará – é o de convivermos com tamanha diversidade.
a tolerância é o fundamental; mas verdadeiramente revolucionário seria aprendermos a saudar e a aproveitar a diversidade humana e cultural que o mundo coloca à nossa porta.