Dívida a 10 anos colocada a um juro de 3,5752%

Portugal colocou hoje 750 milhões de euros em Obrigações do Tesouro a dez anos à taxa média de 3,5752%, segundo a Bloomberg, naquele que foi o primeiro leilão de dívida sem recurso a sindicato bancário desde 2011.

A taxa de juro da dívida de Portugal a dez anos no mercado secundário, que tem estado a descer ininterruptamente desde 11 de Abril, estava hoje, cerca das 10h25 de Lisboa, a 3,653%, um mínimo desde Fevereiro de 2006.

A procura neste leilão atingiu 2.603 milhões de euros, ou seja foi 3,47 vezes superior ao montante colocado.

O IGCP, a agência que gere a dívida pública portuguesa, tinha anunciado para o leilão de hoje um montante indicativo entre 500 e 750 milhões de euros em títulos que vencem em Fevereiro de 2024.

Depois da chegada da troika (Fundo Monetário Europeu, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) a Portugal, o Tesouro realizou uma emissão a dez anos em maio de 2013, quando emitiu três mil milhões de euros a uma taxa de juro anual de 5,65%.

Já este ano, o IGCP fez um reforço dessa série de obrigações com maturidade até Fevereiro de 2024 e fez uma nova colocação de três mil milhões de euros de dívida, a uma taxa de juro média de 5,112%.

No entanto, estas emissões foram sindicadas, ou seja, o Estado mandatou vários bancos para colocarem os títulos no mercado.

Assim, a emissão de hoje é a primeira sem recurso a sindicato bancário desde 2011, antes do memorando de entendimento acordado entre Portugal e a ‘troika’.

No início de Abril, o IGCP divulgou o plano de financiamento em que previa a realização de “um a dois leilões de obrigações do tesouro durante o segundo trimestre de 2014, sendo esperadas colocações de 500 a 750 milhões de euros por leilão”.

No final de Março, o presidente do instituto, Moreira Rato, disse no Parlamento que a ‘almofada financeira’ prevista para 2014 é de sete mil milhões de euros, mas que espera conseguir uma reserva maior, afirmando que “o que pode fazer sentido” para este ano é ter “uma ‘almofada’ à volta de 10 mil milhões de euros”.

Segundo o director da Gestão de Activos do Banco Carregosa, Filipe Silva, “Portugal conseguiu emitir dívida a taxas historicamente baixas”.

“Pelo menos, desde 2006, que não encontramos nenhum leilão com uma taxa tão baixa, o que não deixa de ser surpreendente. Em 2006, emitíamos dívida a 10 anos a pagar 3,94%. No leilão a 10 anos mais recente — realizado em Janeiro de 2011, antes do pedido de ajuda externa — obtivemos a taxa de 6,72%. É uma evolução muito positiva”, adianta Filipe Silva.

Mesmo comparando este leilão com as operações sindicadas, a taxa de hoje conseguiu ser melhor, disse ainda Filipe Silva, adiantando que em maio de 2013, Portugal emitiu dívida a 10 anos a 5,65% e em Fevereiro deste ano, também numa operação sindicada, a taxa foi de 4,65%.

“O mais surpreendente de tudo é que a taxa do leilão de hoje conseguiu ser ainda mais baixa do que a emissão que está no mercado secundário e que está com uma taxa nos 3,65%”, disse ainda.

O responsável do Banco Carregosa resume que “a emissão saiu em linha com o que tem vindo a acontecer á dívida portuguesa, com as taxas a descerem significativamente”, sublinhando que “a procura dos investidores mantém-se elevada, a percepção do risco Portugal continua a baixar, o que é positivo não só para o financiamento do Estado como também para a economia real já que as taxas de endividamento das empresas sempre são de certa forma ‘indexadas’ às taxas soberanas”.

No entanto, Filipe Silva sublinha que “o montante colocado, o máximo previsto, é muito pequeno” e que “basta o interesse de um ou dois grandes investidores para absorver esta oferta”.

“Há fundos que têm em carteira perto de 200 milhões de euros em dívida portuguesa, refere filipe Silva, defendendo que “a dimensão do leilão é pequena” e que “terá havido alguma cautela”.

actualizada às 12h15

Lusa/SOL