Dux de Coimbra defende que se fizeram cópias mal feitas daquilo que é a praxe

O Dux Veteranorum da Universidade de Coimbra (UC) defendeu hoje que outras instituições do ensino superior fizeram cópias mal feitas daquilo que é a praxe de Coimbra, considerando que “há certas coisas que não podem ser consideradas” praxe.

João Luís Jesus, Dux Veteranorum da UC, que preside às reuniões do Conselho de Veteranos (órgão que regula a praxe em Coimbra), afirmou à agência Lusa que “a praxe tem de ser vista num contexto histórico”, lembrando que muitas instituições do ensino superior não têm “algo por trás que justifique as suas praxes”, fazendo cópias “com desvios”, de modo a criar a sua identidade.

“Noutros sítios, sujam-se os caloiros com lama, ovos ou farinha, quando isso, em Coimbra, é expressamente proibido”, exemplificou João Luís Jesus, Dux há 13 anos.

Apesar de considerar que a proibição da praxe não levaria “a lado nenhum”, o Dux da UC defendeu que deveria ser “feita uma discussão mais aprofundada da praxe”, pois “há certas coisas que não podem ser consideradas praxe, mas que estão associadas a ela”.

“A praxe é feita por pessoas, mas se lhes falta alguma formação social ou cívica transportam-na para a praxe”, contou João Luís Jesus, relembrando que houve uma actualização do código da praxe, de forma a que determinados princípios “estejam explícitos”.

Em Março de 2013, o Conselho de Veteranos da Universidade de Coimbra actualizou o código de praxe e passou a proibir expressamente a realização de qualquer pintura sobre caloiros ou novatos, a mobilização destes dentro do horário lectivo, a extorsão de bens do “caloiro” e ainda a proibição do “desenvolvimento de actividades que lesem física ou psicologicamente outrem”.

Sobre o caso da morte de seis jovens universitários na praia do Meco, o Dux de Coimbra disse à agência Lusa que “aquilo nunca seria permitido na praxe” de Coimbra, ou fora dela, considerando que “houve irresponsabilidade, ao alguém, deliberadamente, se pôr em perigo”.

João Luís Jesus sublinhou ainda que o Conselho de Veteranos da UC procura “combater” irresponsabilidades, criando restrições à aplicação da praxe, de forma a que esta ajude a desenvolver “um espírito de camaradagem e de amizade”.

Sobre a estrutura hierárquica na Universidade Lusófona, João Luís Jesus afirmou “não conhecer a dinâmica”, apenas admitindo que há diferentes “variações e estruturas” de instituição para instituição.

Em Coimbra, todo o estudante com cinco matrículas e que esteja a frequentar o mestrado é considerado veterano e pode participar no Conselho de Veteranos, sendo esse órgão o regulador da praxe e aquele que elege o Dux que, uma vez eleito, apenas abandona o cargo quando deixa de ser estudante, ou se demite ou é demitido pelo Conselho de Veteranos, explicou João Luís Jesus, estudante com 24 matrículas na UC.

O Ministério da Educação e Ciência convocou as associações de estudantes do ensino superior para uma reunião, nesta semana, sobre praxes académicas, devido à morte dos seis estudantes universitários, arrastados por uma onda na madrugada de 15 de Dezembro.

A questão irá também ser abordada nas reuniões previstas nas próximas semanas com o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e com o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos.

O Ministério pretende debater com os alunos e as instituições as “melhores formas de prevenir este tipo de situações de extrema gravidade”.

Lusa/SOL