Exumação de Primo de Rivera envolta em polémica

A exumação de Primo de Rivera foi realizada ao abrigo da Lei da Memória Democrática. Primo de Rivera morreu em 1936.

Os restos mortais de José Antonio Primo de Rivera, filho do ditador espanhol Miguel Primo de Rivera e fundador da Falange Espanhola, movimento fascista que viria a dar origem ao partido político de Franco, chegaram depois do meio-dia desta segunda-feira ao cemitério de Santo Isidro, em Madrid, depois de serem exumados da Basílica do Vale dos Caídos. Ao contrário do que aconteceu com Francisco Franco (a cerimónia foi transmitida na televisão nacional), a trasladação ocorreu discretamente a pedido dos seus descendentes. Mas, como explicou o El País, “também houve momentos de tensão na concentração de uma centena de falangistas que aguardavam em frente ao cemitério a chegada do cortejo fúnebre”.

Com a aproximação do caixão, alguns dos que ali se encontravam, vedados pelas forças de segurança no passeio oposto, furaram o cordão policial e tentaram aproximar-se, altura em que foram detidos pelos agentes. Com gritos de homenagem a “José Antonio”, os presentes expressaram o descontentamento que sentem pela decisão do Governo de ter feito a exumação coincidir com o 120º aniversário do nascimento de Primo de Rivera (1903) e na véspera da campanha eleitoral das eleições do próximo dia 28 de maio.

Como o jornal espanhol noticiou, houve três detidos: um deles é Martin Sáenz de Ynestrillas, irmão de Ricardo Sáenz de Ynestrillas (político espanhol nacional-sindicalista), que foi transferido para a polícia de Moratalaz – e cinco sancionados. A exumação de Primo de Rivera foi realizada ao abrigo da Lei da Memória Democrática, que proíbe todos os dirigentes associados ao golpe militar de 1936 contra o governo republicano — que deu origem à Guerra Civil Espanhola — de estarem sepultados em monumentos públicos que não sejam cemitérios convencionais.

A operação de exumação começou às 6h00, sem a presença de autoridades ou imprensa, e consistiu na remoção da lápide de granito de 1.500 quilos que cobre a sepultura onde repousam os restos mortais desde 1959. A exumação contou com 80 pessoas autorizadas entre parentes, monges, seguranças e os próprios operadores encarregados de retirar o caixão.