A uma profundidade de 170 metros, num total de 250, a água brota já a 75 graus e o vapor cria, no local onde está a ser feito a captação, uma nuvem de fumo confundida, por muitos, com um fogo.
“Um condutor parou rapidamente e fez marcha atrás na estrada por achar que havia fogo nalgum edifício, tal era o vapor de água”, avançou à Lusa o presidente da Câmara de Chaves, António Cabeleira.
E, acrescentou, “de facto, parece que anda tudo a arder”.
Desde que a obra começou, há cerca de 15 dias, o local, junto às Termas de Chaves, tem assistido a uma romaria de curiosos, atraídos pelo que consideram de “insólito”.
“Nunca tinha visto isto, mas é engraçado”, afirmou Rosa Maria, de 70 anos, enquanto passeava.
Na sua opinião, até ao fim das obras, ainda “muita” gente vai achar que é algum fogo, tal é a “fumarada”.
Mais nova, Joana Sousa, de 18 anos, foi espreitar o “fenómeno”, como o caracterizou, por insistência de um amigo que já o tinha visto e achou “fixe”.
“É giro, parece nevoeiro”, frisou.
A temperatura da água é, segundo a Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG) à Lusa, “perfeitamente normal”.
“A água em Chaves brota a uma temperatura de 74 graus devido a uma falha geotérmica, por isso, são valores normais”, revelou o responsável pela divisão de Serviços de Recursos Hidrogeológicos, Geotérmicos e Petróleo da DGEG, José Cruz.
Salientando serem as águas mais quentes do país, o responsável realçou que é “natural” que aumentando a profundidade do furo a temperatura suba mais dois ou três graus.
O caudal da água chega aos 350 mil litros por hora, sendo o normal 20 a 25 mil litros.
A captação de água termomineral, num investimento de cerca de 150 mil euros, tem por objectivo aumentar o caudal das Termas de Chaves, em obras de remodelação e ampliação, e da piscina municipal.
Além disso, explicou o autarca, a realização de um terceiro furo, dado o município já ter dois, um com 92 metros e outro com 155, é por precaução.
“Os furos foram feitos há vários anos, por isso, têm alguns danos. O que nos pretendemos é reforçar o caudal para prevenir eventuais falhas nas captações existentes”, revelou.
A água proveniente dos furos geotérmicos é também usada numa unidade hoteleira situada nas imediações.
“Queremos alargar o fornecimento a mais hotéis e, a longo prazo, a edifícios envolventes ao balneário termal”, frisou.
As Caldas de Chaves são as águas mais quentes da Península Ibérica a uma temperatura de 73 graus.
Lusa/SOL