Futebol. 200 nomes em roda-viva

É quase uma lista telefónica. Mais de 200 nomes saltitam nos pensamentos de Rui Vitória, Julen Lopetegui e Jorge Jesus por estes dias. Com a maioria dos jogadores em gozo de férias, os treinadores dos ‘grandes’ andam já na primeira azáfama da época: definir o esboço inicial do plantel tendo em vista o arranque dos…

Entre reforços já garantidos e outros em estudo, promessas das camadas jovens, jogadores emprestados e os elementos que integraram a equipa na última temporada – alguns já transferidos, outros em vias de seguirem o mesmo caminho -, cada técnico tem mais de 50 nomes a andar à roda na cabeça. Fica, sai, regressa são palavras que dominam por agora o vocabulário de Jesus, Lopetegui e Vitória. Há outras: a rever, a emprestar, a contratar. 

A ideia para já é reduzir o vasto leque de opções a um número próximo de 25 jogadores para fazerem a pré-época. Tudo será provisório até ao fecho do mercado de Verão, a 31 de Agosto, mas urge tomar as primeiras decisões.

Jorge Jesus é o único já a trabalhar no terreno. Começou na quarta-feira, com uma visita à academia de Alcochete, depois de uns dias entre a Costa Rica e os Estados Unidos em que esteve em permanente contacto com o líder leonino, Bruno de Carvalho. 

Rui Vitória fará o mesmo com Luís Filipe Vieira durante as curtas férias em Cuba, para onde seguiu na terça-feira, após ter sido apresentado na véspera aos adeptos. Segunda-feira estará de volta para não mais parar. 

E Lopetegui, que tem a vantagem de conhecer os cantos à casa, passou esta semana pelo México e ficará mais uns dias afastado da Invicta, mas com ligação directa a Pinto da Costa.

À volta de Gaitán
Com boa parte da estrutura intacta – Júlio César, Luisão, Jardel, Samaris, Salvio, Pizzi e Jonas devem continuar -, o Benfica tem como prioridade encontrar um substituto para Nico Gaitán, de saída, ao que tudo indica, para o Manchester United. Fechar a renovação de contrato com Maxi Pereira e dotar o plantel de uma alternativa a Pizzi são outros assuntos prementes.

«O grosso da equipa está definido, mas ainda há algumas indefinições», admitiu Rui Vitória na sua primeira intervenção pública como treinador do Benfica.

Na baliza, o adeus de Artur já foi colmatado com a chegada de Ederson, do Rio Ave. E para o ataque será promovido Jonathan Rodríguez, o uruguaio que deu nas vistas na equipa B. Se Lima não sair para a China, sobra pouco espaço para os portugueses Nélson Oliveira e Rui Fonte, que rodaram noutros clubes em 2014/15.

Nos outros sectores residem as maiores dúvidas. Na defesa, além do impasse na renovação do lateral direito Maxi, está em aberto o regresso de Fábio Coentrão por empréstimo do Real Madrid, o que levaria a um excesso de opções no lado esquerdo, uma vez que Marçal foi recrutado ao Nacional para fazer concorrência a Eliseu. E no meio-campo o desafio passa por minimizar o adeus de Gaitán, sem esquecer que falta gente para rivalizar com Pizzi ao centro, em especial se Ruben Amorim rumar a outras paragens.

Também por definir está o quinteto de jovens que vai integrar o plantel, com Nélson Semedo, Lindelof, João Teixeira, Nuno Santos e Gonçalo Guedes na linha da frente. Uma aposta para gerir com conta, peso e medida. «Se há coisa que eu não sou é tolinho. Não basta estalar os dedos para mudar tudo. Os jovens vão ter espaço para trabalhar na equipa principal, se vão jogar é outra questão», sublinhou a propósito Rui Vitória.

Órfãos de Jackson
A saída de Jackson Martínez é um duro golpe nos 'dragões', uma baixa a reparar sem direito a falhas de prospecção. O avançado colombiano deixou um selo de qualidade e não será fácil remediar a sua saída.

Este é o ponto de partida para Lopetegui construir um novo FC Porto, capaz de destronar um Benfica bicampeão. Mas há mais: Casemiro e Danilo, outros dois indiscutíveis, também deixaram a Invicta e o próximo pode ser Alex Sandro, que termina contrato daqui a um ano e tem recusado renovar. Já Óliver regressou ao Atlético de Madrid e Diego Simeone parece contar com ele, mas ainda há esperança no Dragão num novo empréstimo.

Para o lugar de Casemiro entrou André André, revelação do último campeonato ao serviço do Vitória de Guimarães, ao passo que o vazio deixado por Danilo está por preencher. Adivinha-se um longo Verão para os 'azuis e brancos', com o mercado espanhol mais uma vez na mira do treinador: o médio Darder (Málaga) e o avançado Raúl Jiménez (Atl. Madrid) são hipóteses a considerar.

Assegurada a renovação de contrato do guarda-redes Helton, a baliza será o único sector que não irá obrigar Lopetegui a alterações de peso. Marcano, Indi, Herrera, Tello, Quaresma e possivelmente Brahimi garantem uma certa linha de continuidade, mas é inevitável o FC Porto ter de passar por uma nova fase de assimilação de ideias do técnico basco. O que podia ser uma vantagem em relação aos rivais, uma vez que ambos trocaram de treinador, esbate-se com estas mudanças forçadas no núcleo duro dos titulares. 

Carrillo atrás de Nani?   
Em Alvalade, luta-se para manter os homens que Jorge Jesus considera imprescindíveis e adicionar-lhes três reforços que sejam mais-valias. 

Cabem no primeiro lote nomes como Rui Patrício, William Carvalho, João Mário, Slimani, Montero ou André Carrillo, este último a entrar no derradeiro ano de contrato sem dar sinais de querer prolongar o vínculo. A manter-se a situação, o Sporting será forçado a negociar já o peruano para que não saia livre daqui a um ano.

Seria um segundo desfalque nas alas, depois de Nani, e obrigaria a um esforço redobrado para satisfazer as exigências de Jesus numa posição-chave do seu sistema de jogo. 

Partindo do princípio que o Sporting será capaz de segurar Carrillo, o novo técnico leonino definiu como prioritárias as contratações de um defesa central com provas dadas, de um médio centro (Danilo, do Marítimo, é o alvo) e de um avançado, embora seja também necessário reforçar as laterais do sector defensivo. Cédric está de partida para o futebol inglês e Jefferson também poderá ser transferido.

É bem provável, por outro lado, que Jesus chame para os trabalhos de pré-temporada vários jogadores da equipa B dos 'leões' e outros que estiveram cedidos na época passada, como o argentino Viola. O técnico está ciente de que terá de encontrar reforços dentro de casa e acredita nesse 'mercado interno'.

rui.antunes@sol.pt