Gordon Brown desmente telefonema agressivo a Murdoch

O antigo primeiro-ministro britânico Gordon Brown desmentiu hoje ter sido agressivo num telefonema com Rupert Murdoch e de ter autorizado o jornal The Sun a noticiar a doença de um dos filhos.

«essa conversa nunca aconteceu», afirmou ao ser questionado durante um inquérito sobre as práticas da imprensa britânica, a propósito de uma alegada declaração de guerra ao grupo de comunicação social news corporation.

quando prestou testemunho, em abril, murdoch aludiu a um telefonema feito pelo então chefe do governo britânico num «estado desequilibrado» por o sun ter retirado o apoio político ao partido trabalhista em 2009.

«bem, a sua companhia declarou guerra ao meu governo e eu não tenho alternativa senão declarar guerra à sua companhia», terá dito brown, de acordo com o magnata.

mas o agora deputado trabalhista considerou «chocantes» estas declarações e garantiu que esta conversa «não aconteceu».

desmentiu também o «braço direito» de murdoch no reino unido, rebekah brooks, que em maio afirmou no inquérito ter recebido autorização para o jornal the sun publicar em 2006 uma notícia sobre a doença de um dos filhos de brown.

então ministro das finanças, brown lamentou ter sido confrontado com um «facto consumado» quando jornalistas do diário telefonaram dizendo que iriam publicar uma notícia sobre o diagnóstico do filho de quatro meses com fibrose cística.

«nem pensar darmos autorização para isto, implícita ou explícita», vincou.

brown abandonou as funções de primeiro-ministro que exerceu desde 2007 em 2010, após a derrota do ‘labour’ nas eleições legislativas, para o partido conservador, que formou governo em coligação com os liberais-democratas.

rebekah brooks foi directora do news of the world entre 2000 e 2003 e depois do the sun entre 2003 e 2009, tendo finalmente sido promovida a directora executiva da news international, subsidiária do grupo news corporation e proprietária dos dois jornais e também do the times.

a 15 de julho de 2011 demitiu-se das funções e dois dias depois foi detida por suspeita de escutas e de suborno à polícia, continuando sob suspeita, juntamente com mais de 40 pessoas sob investigação policial.

ambos testemunharam sob juramento no inquérito leveson, que tem o nome do juiz nomeado em julho do ano passado para averiguar a «cultura, práticas e ética» da imprensa e as relações com políticos e a polícia.

o inquérito foi ordenado após o escândalo do news of the world, que encerrou em agosto passado, estimando-se que pelo menos 6349 pessoas tenham sido vítimas de escutas telefónicas.

esta tarde é a vez de o ministro das finanças, george osborne, ser interrogado, na terça-feira será o antigo primeiro-ministro john major, o líder trabalhista, ed miliband, e a vice-líder, harriet harman.

nick clegg, vice primeiro-ministro, e alex salmond, chefe do governo escocês, seguem-se na quarta-feira e o primeiro-ministro, david cameron, na quinta-feira.

lusa/sol