Granadeiro acha ‘inverosímil que Figo vendesse o seu voto’

«À luz do que conheço de Rui Pedro Soares e de Luís Figo, uma personagem de origem alentejana, acho absolutamente inverosímil que Luís Figo vendesse o seu voto de forma tão primária». Foi assim que o chairman da PT classificou as contrapartidas que o ex-jogador terá recebido da PT e do Taguspark, através de contratos…

henrique granadeiro prestou hoje depoimento no tribunal de oeiras, durante a quarta sessão do julgamento do processo taguspark. convocado pelo ministério público (mp), o presidente do conselho de administração da pt garantiu ao procurador da república não ter conhecimento de que a empresa pagara a viagem do ex-administrador rui pedro soares a milão para falar com luís figo: «não tinha conhecimento dessa situação e durante o inquérito ainda pus a hipótese de não ter havido boas práticas nessa despesa, mas verifiquei depois que a despesa de deslocação de rui pedro soares a milão foi feita de acordo com as normas da pt, ou seja, foi visada por outro administrador».

granadeiro considerou ainda «pouco verosímil» a compra da tvi pela pt através do taguspark: «a pt tinha menos de 6% do taguspark, não precisava do taguspark para fazer essa operação. mas não posso dizer que isso não tenha sido tentado, não tive é conhecimento desse facto».

recorde-se que, de acordo com a acusação, os contratos feitos entre a pt e a empresa de capitais públicos taguspark, através de rui pedro soares, com luís figo serviram para comprar o apoio do jogador ao ps durante as eleições de 2009. rui pedro soares, américo thomati e joão carlos silva, ex-administradores do taguspark, estão acusados de corrupção passiva para acto ilícito. em causa estão contratos celebrados entre a pt e a taguspark, por intermédio de rui pedro soares, com figo, que terão servido como contrapartida para que o jogador apoiasse publicamente a campanha de sócrates.

esquecimento da juíza obriga bava a voltar

zeinal bava, presidente executivo da pt, que também começou a ser ouvido hoje como testemunha no processo, foi obrigado a regressar ao tribunal de oeiras porque a juíza se esqueceu de lhe fazer uma pergunta. cinco minutos depois de ter abandonado o edifício, bava e os seus assessores voltaram a entrar na sala de audiências a pedido da magistrada paula albuquerque.

a juíza perguntou-lhe se tinha conhecimento do estudo da aximage, no qual se avaliava a relevância de algumas figuras públicas ao nível político. bava garantiu que a pt não tinha conhecimento do estudo, não o tinha encomendado nem pago.

segundo a acusação, o estudo foi enviado ao então administrador da pt rui pedro soares como forma de avaliar o impacto do apoio político ao ps de certas figuras públicas.

quer zeinal, quer henrique granadeiro garantiram à juíza não ter conhecimento dos contactos estabelecidos entre o ex-administrador e luís figo. ressalvaram, contudo, que a transmissão dessa informação não era obrigatória. «os administradores da pt são independentes e têm liberdade de iniciativa», disse o chairman da empresa.

joana.f.costa@sol.pt