Haxixe apreendido em Odemira vale cerca de 9 milhões de euros

A Polícia Judiciária (PJ) disse hoje que as cerca de três toneladas de haxixe apreendidas na zona de Odemira, na Costa Alentejana, durante uma operação que levou à captura de nove suspeitos, rondarão, a preço de mercado, nove milhões de euros.

Em conferência de imprensa conjunta, as autoridades portuguesas e espanholas afirmaram que a investigação «está em aberto» e «vai continuar nos dois países», tendo o coordenador superior da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE) da PJ, anunciado que haverá «novas detenções» em Portugal e Espanha.

Joaquim Pereira acrescentou que dos nove presumíveis traficantes de droga, com idades entre os 22 e os 67 anos – que ficaram em prisão preventiva -, três são espanhóis e seis portugueses, entre os quais quatro tinham grau de parentesco – dois pais e dois filhos.

O coordenador da PJ lamentou ainda a morte «acidental» de um décimo elemento, que acredita tratar-se de um galego, o qual faleceu quando caiu dos flutuadores da lancha rápida e foi apanhado pelas hélices, no momento em que outros suspeitos se aperceberam da presença das autoridades e tentaram fugir.

O alegado traficante sofreu ferimentos graves, sobretudo nos membros inferiores, foi assistido por elementos do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e transportado para o centro de saúde de Odemira, onde acabaria por falecer.

A intervenção policial foi desencadeada ao início da madrugada de sábado, no mar e em terra, tendo a droga sido detectada na embarcação rápida, equipada com três motores. Os alegados traficantes de haxixe foram surpreendidos pelas autoridades quando descarregavam os fardos do produto estupefaciente da lancha para terra.

O coordenador da UNCTE revelou que foram feitos disparos «intimidatórios para o ar», os quais levaram a que os envolvidos «cessassem a fuga».

O responsável acrescentou que um dos elementos mais importantes do grupo é um português residente em Odemira, o qual tratava da logística para o transporte do haxixe.

Joaquim Pereira disse ainda que a investigação teve origem em Espanha e durou cerca de ano e meio, adiantando que o produto estupefaciente era proveniente do Norte de África, provavelmente de Marrocos, seguiu por mar até Odemira, onde os suspeitos iam descarregá-la para um barracão e depois transportá-la para Espanha, por via terrestre.

Denominada de ‘Lacerta Lepida’, a operação contou com a colaboração da Marinha e da Força Aérea Portuguesa (FAP)

O Comandante Nobre de Sousa confirmou esta tarde, na conferência de imprensa, que foram empregues uma força de fuzileiros e meios navais.

O coronel da FAP, Cartaxo Alves, adiantou que uma aeronave P-3C de patrulhamento marítimo «voou onze horas e meia», durante a operação. Ambos os oficiais frisaram que actuaram a pedido da PJ, entidade a quem cabe coordenar este tipo de operações.

As autoridades escusaram-se a avançar qual o número total de efectivos envolvidos na operação.

Após a conferência de imprensa, que contou com um elemento da Guardia Civil Espanhola e de um outro do Serviço de Vigilância Aduaneira, os quais elogiaram a cooperação entre as forças dos dois países e confirmaram que a investigação vai continuar, a PJ mostrou o haxixe apreendido.

Além do produto estupefaciente, as autoridades apreenderam também sete viaturas ligeiras, duas viaturas pesadas (tractor com galera e camião grua), dois telefones satélite, um aparelho GPS, um revólver de calibre 32 magnum, vários telemóveis e uma lancha rápida semi-rígida com 12 metros de comprimento com três motores de 250 cavalos.

Lusa/SOL