Herdeiros de coleccionador vão retirar dez quadros de Vieira da Silva da fundação

Os herdeiros do coleccionador Jorge de Brito vão retirar na quarta-feira dez obras deixadas em depósito na fundação da pintora Maria Helena Vieira da Silva, em Lisboa, contestando um processo oficial de classificação iniciado há cinco anos.

joão de brito, um dos herdeiros, revelou à agência lusa que decidiram retirar os dez quadros que não ficaram incluídos no lote que seria classificado, no âmbito de um acordo negociado com o ministério da cultura e a fundação arpad szenes-vieira da silva (fasvs).

contudo, esse acordo nunca chegou a ser assinado, e o instituto dos museus e da conservação (imc) mantém o processo de classificação e o impedimento da sua saída para o estrangeiro.

quando a fundação arpad szenes-vieira da silva (fasvs) foi criada, em 1994, o coleccionador jorge de brito deixou um conjunto de 22 quadros da pintora portuguesa em depósito na entidade, e em 2006 o ministério da cultura abriu um processo de classificação que levou mais tarde a negociações com os herdeiros.

actualmente restam 16 obras em depósito na fundação, e foi sobre essas que decorreram negociações, surgindo este ano um acordo entre as partes que não viria a ser assinado devido à queda do governo, segundo o instituto dos museus e da conservação (imc).

«os proprietários têm razão em estar descontentes com esta situação de atraso, mas quando um processo de classificação está em curso as obras não podem ser levadas para o estrangeiro», disse em meados de maio à agência lusa o director do imc, joão brigola.

o imc defende uma «solução intermédia», com a escolha de seis dos quadros para classificação e que mais tarde poderiam ser adquiridos pelo próprio ministério da cultura ou por outra entidade que o representasse, e que as obras pudessem ficar expostas no museu para usufruto público.

joão de brito revelou hoje que o imc já foi notificado que os dez quadros vão ser retirados da fundação e da respectiva alteração da morada.

«estando classificados ou em processo de classificação as limitações são as mesmas: não podem sair do país e no caso de querermos vender, o estado tem direito de preferência na compra», indicou.

recordou que em janeiro deste ano, numa reunião com o presidente da fundação, manuel pinho, e a ministra da cultura, gabriela canavilhas, «ficou definido um acordo» em que o estado ficaria com direitos sobre seis quadros para os próximos cinco anos, e, em contrapartida, seria retirado o processo de classificação.

como esse protocolo não chegou a ser assinado, os herdeiros dizem-se «fartos de esperar» num processo que já passou por três ministros da cultura.

lusa/sol