Ingleses acusam Putin de oferecer Picasso a Platini para organizar Mundial-2018

Michel Platini classifica de “total fabricação” a notícia do Sunday Times que, no domingo, acusou o presidente da UEFA de ter recebido de Vladimir Putin uma obra de Pablo Picasso durante o processo que culminou com a atribuição da organização do Mundial-2018 à Rússia.

“O assunto já foi entregue aos meus advogados” garantiu o francês à CNN, numa atitude partilhada pelos responsáveis da candidatura russa – os mais visados pela notícia do Sunday Times que se sustentou num relatório parlamentar resultante de um estudo realizado nos últimos dois anos pelo comité organizador da candidatura britânica, derrotada pela russa na corrida à organização do Mundial.

Segundo esse relatório, o então primeiro-ministro russo Vladimir Putin terá oferecido pessoalmente a obra de Picasso ao líder da UEFA, mas não se ficou por aí: os britânicos acusam o homem que já voltou à presidência da Rússia de ter montado um esquema em que um grupo de oligarcas tinha rédea livre para comprar votos dos vários membros do Comité Executivo da FIFA, nos quais se incluem responsáveis da UEFA.

Michel D’Hooghe, representante belga da equipa da FIFA que toma as decisões sobre a organização dos mundiais, é outros dos acusados de ter recebido subornos da Rússia. Segundo o relatório britânico, elaborado com recurso aos serviços diplomáticos do país e a agências privadas que empregam antigos agentes dos serviços secretos do país, foi Vyacheslav Koloskov, antigo vice-presidente da FIFA e membro da candidatura russa ao Mundial-2018, a entregar a Michel D’Hooghe um quadro valioso.

O belga confirmou ao Sunday Times a recepção da prenda, mas nega que esta o tenha influenciado. Segundo a edição semanal do Times, D’Hooghe garante que nem sequer votou pela candidatura russa, acrescentando que considerou o quadro “absolutamente feio” e presumiu que não tivesse um valor de mercado significativo.

D’Hooghe é um dos cinco membros do Comité Executivo da FIFA que está sob investigação da própria organização, relacionada com os processos que atribuíram à Rússia a organização do Mundial em 2018 e ao Qatar quatro anos depois. Um processo que há menos de um mês levou os responsáveis da FIFA a abrirem investigações a cinco membros, embora as dúvidas do órgão que gere o futebol mundial estejam relacionada com candidaturas derrotadas – Inglaterra, para o torneio que se realizará na Rússia, e Austrália para o Mundial-2022.

nuno.e.lima@sol.pt